quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

465° Dia – Guarapari - 24/02/2012 – Sexta-feira

Acordamos bem cansados, quer dizer, com muita preguiça e bobeira. Como estávamos desanimados, demos uma olhada no cronograma. Vimos que tínhamos planejado um dia de folga em Marataízes (uma praia não muito boa segundo os relatos que escutamos) e decidimos trocá-lo por mais um dia aqui. Desta forma, não saímos da cama até às 16h. Ficamos revezando entre sonolência, jogo no computador, escrever relatos e ficar vendo televisão.
No meio da tarde, tomamos vergonha na cara e saímos da posição horizontal. Arrumamo-nos e fomos conhecer um pouco mais do povoado de Meaípe. Caminhamos uns 20min e chegamos à orla. A enseada da praia de Meaípe era muito maior do que a de Bacutia e de Peracanga, porém as duas são mais belas do que Meaípe (a mais bonita para nós é a Bacutia). A vantagem de Meaípe é que tem uma infraestrutura muito melhor.
Saímos da beira da praia e fomos fazer um lanchinho. Paramos numa lanchonete, mas desistimos devido a um aspecto de sujeira. Sendo assim, fomos para a nossa segunda escolha. Comemos dois hambúrguers bem saborosos. Em seguida, passamos no supermercado e compramos mais algumas coisinhas para a nossa janta e para a pedalada de amanhã.
De volta à pousada, ficamos um tempinho de bobeira para nos recuperarmos deste dia tão cansativo (risos). À noite, fizemos o nosso carreteiro (estamos virando especialistas em carreteiro, arroz com galinha e massa) e devoramos tudo enquanto víamos um pouco de televisão. Mais tarde, a Cris foi arrumar as coisas para amanhã enquanto eu dava uma geral nas bikes. Troquei a câmara do pneu traseiro da bike da Cris (estava furada) e troquei o pneu traseiro da minha bike com o pneu dianteiro da bike da Cris, pois o meu pneu estava completamente gasto e não duraria muito mais tendo que aguentar tanto peso. Depois de todos os afazeres, arrumamos a cama e fomos dormir, pois amanhã teremos que pedalar.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Supermercado: R$15,90   - Lanche: R$14,50

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

464° Dia – Guarapari - 23/02/2012 – Quinta-feira

Aproveitamos o dia de folga para dormirmos bastante, só acordamos no fim da manhã. Após um bom café/almoço, onde obviamente comemos demais, descansamos um pouco mais no quarto. No início da tarde, pegamos as nossas cangas e máscaras de snorkel e fomos para a praia de Bacutia.
Logo que chegamos, fomos testar a temperatura da água que mais uma vez, estava gelada! Mesmo assim, arriscamos uns mergulhinhos. Cada imersão era seguida de um forte urro de frio. O Moacir ria da minha cara cada vez que eu levantava do mar, de qualquer maneira, deu para aproveitar um pouquinho aquele mar transparente e calminho.
Como o frio era grande e o ventinho de fora d´água também não dava trégua, saímos rapidamente do mar e fomos até a praia de Peracanga a fim de tentarmos fazer snorkel em um mar mais quentinho. O Moacir se arriscou a entrar no mar para ver a visibilidade da água. Infelizmente, as ondas estavam fortes e a visibilidade ruim.
Desta maneira, retornamos a praia de Bacutia (as duas praias são pequenas baías separadas por uma península com um pequeno morro na sua ponta, por isso nos deslocamos tanto entre elas) e fizemos uma pequena trilha até chegarmos a uma região própria para o mergulho. Como estava inviável a permanência dentro da água, fiquei olhando o Moacir fazer snorkel. Em menos de vinte minutos, ele saiu gelado do mar. Tive que abraça-lo para tentar aquecê-lo. Após o descongelamento, ele me contou que viu peixes camaleões (parecido com), além de muitos corais e vegetação marinha.
Ficamos um bom tempo conversando na praia e, quando o sol começou a baixar, voltamos à pousada. Ficamos relaxando até o cair da noite. Assim que o sol se foi, fomos até a cidade vizinha, Meaípe, a fim de comprarmos alimentos para a nossa janta e para o dia de amanhã. A caminhada foi bem agradável e pudemos aproveitar a bela brisa capixaba.
Assim que voltamos à pousada, o Moacir foi comprar uma bebida para acompanhar a nossa janta e acabou ganhando garrafinhas de água e paçocas do dono da pousada (Pousada Enseada dos Coqueiros que fica na avenida principal da Enseada Azul), que é super gente boa. Desta maneira, cozinhamos, jantamos e ficamos jogando joguinho no computador. O Moacir está viciado em um jogo onde ele é um fazendeiro que cria patos, ovelhas e vacas (estou começando a ficar preocupada - risos). Após a sessão games, fomos dormir. Amanhã teremos uma pernadinha até Marataízes. Boa noite.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Supermercado: R$18,20   - Refrigerante: R$5,00

463° Dia – Vila Velha – Guarapari - 22/02/2012 – Quarta-feira

Hoje acordamos cedinho para o café da manhã. Quando chegamos ao salão, nos deparamos com um ótimo buffet, com direito a frutas, bolos e cereais. Logo que acabamos a refeição, eu fui para o quarto e o Moacir foi ao supermercado para comprar pães para o dia.
Assim que ele voltou, resolvemos dormir um pouco mais, pois hoje só sairemos depois do meio-dia, a fim de evitar algum possível folião embriagado voltando para casa. Desta maneira, nos preparamos para dormir e, quando já estávamos pegando no sono, o Moacir comenta que chegaremos em Porto Alegre em pleno feriado da Páscoa.
Isso acabou, literalmente, com o nosso sono. Ficamos discutindo sobre a data e sobre como faríamos para não estragarmos o feriadão de ninguém. Só depois de muita discussão e alguns e-mails nos demos conta de que poderíamos procurar na internet a data certa. Foi aí que constatamos que a Páscoa será dia oito de abril e não no dia trinta e um de março, como imaginávamos.
Sendo assim, pudemos nos tranquilizar com a data da chegada. Mesmo assim, não voltamos a dormir, pois o Moacir não se conformava com a data da Páscoa não coincidir com a Quaresma. Ficamos o restante da manhã conversando sobre tudo isso e arrumando as nossas bagagens para a partida.
Ao meio-dia e meia, saímos da pousada. Como o nosso destino era uma praia pequena, antes de sairmos de Vila Velha, ainda passamos no supermercado para fazermos um ranchinho e em um posto de gasolina para calibrarmos os pneus. No posto, os frentistas foram falar com o Moacir e foram muito legais. Até água e comida eles nos ofereceram, mas o Moacir não aceitou, pois não era necessário. Agradecemos por tudo e partimos rumo ao sul capixaba.
Desde o início da viagem a Rodovia do Sol se mostrou perfeita. O acostamento era largo, o asfalto lisinho e, para melhorar, o vento soprava a nosso favor. Desta maneira, pudemos imprimir um bom ritmo, mesmo pedalando com tranquilidade. Paramos somente duas vezes, uma para fazermos um lanche (onde provamos o gostoso refrigerante UAI guaraná) e a outra para comprarmos a nossa janta em um supermercado grande, no centro de Guarapari. O restante do tempo, ficamos observando a belíssima paisagem que apresentava a serra capixaba, a nossa direita, e o mar azul, cheio de ilhotas, a nossa esquerda.
Durante o percurso ficamos nos perguntando os motivos pelos quais o Espírito Santo não é considerado uma grande potência turística, pois as praias são melhores que muitos points e as cidades são, na sua maioria, bem estruturadas. Ainda não pedalamos muito por este estado, mas está sendo uma surpresa bem positiva andar pelo seu belo litoral. A única justificativa que nos parece plausível, é a temperatura (quase polar) da água do mar que, realmente, castiga um pouco.
Assim que chegamos à praia de Peracanga, uma das baias da Enseada Azul, fomos procurar hospedagem. Rodamos um pouco pela região até conseguirmos uma pousadinha que coubesse no nosso bolso, pois a orla da praia é bem elitizada e a maioria das pousadas cobra, no mínimo, R$100,00 por casal. Logo que nos instalamos, trocamos de roupa e fomos para a beira da praia. O Moacir entrou na água, mas o ventinho me inibiu e fiquei somente observando aquela bela baia, cheia de morros cobertos com vegetação rasteira e um mar azulzinho. Ficamos até tarde conversando na areia. Quando a fome começou a bater, voltamos à pousada.
Passamos o restante do dia no quarto, lavando as roupas e terminando de atualizar os relatos (finalmente). Cozinhamos no fogareiro, um arroz com frango delicioso e ficamos o restante da noite de bobeira até o sono chegar.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Compras: R$33,25   - Refrigerante: R$2,50
Estatística
- Distância: 52,50Km   - Tempo: 2h56min28’’   - Média: 17,85Km/h
Condições da Estrada
- Excelente, a melhor de todos os tempos!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

462° Dia – Teixeira de Freitas – Vila Velha – 21/02/2012 – Terça-feira

Praia de Itapoã
Acordamos com os primeiros raios de sol e percebemos que já nos aproximávamos da capital capixaba. Andamos mais uns 30min dentro de Vitória até chegarmos à rodoviária. Assim que desembarcamos, montamos as bikes e tomamos o nosso café da manhã antes de iniciarmos as pedaladas. Enquanto comíamos, conversamos um pouco com um taxista que se aproximou e confirmamos que as praias de Vila Velha são as melhores da região. Desta maneira, agradecemos pelas informações, nos despedimos e partimos em direção à praia de Itapoã.
Pedalamos durante uns 45min até chegarmos à orla. Fomos direto para o calçadão para darmos uma olhada na paisagem. O local era realmente bonito, então fomos procurar onde ficar. Depois de rodarmos por mais uns 30min, acabamos nos instalando no único local que tinha uma diária que não era tão abusiva.
Como o sono da noite tinha sido meia boca, demos uma recostadinha. No início da tarde, levantamos e fomos almoçar. Comemos no único restaurante aberto, pois os outros todos estavam fechados. Após comermos, passamos no supermercado para comprarmos algo para comermos de noite, pois acreditamos que não terá nada aberto. Deixamos as compras no quarto e fomos até a praia. O calçadão tinha uma boa infraestrutura de barracas, a vista era muito bonita e o clima estava ótimo, sendo que a única coisa que não era boa era a água polar (extremamente fria)! Demos uma voltinha, mas voltamos ao hotel para escrevermos os relatos e aproveitarmos a wifi do hotel para publicarmos nos blogs e nos inteirarmos das novidades.
Na parte da noite, até pensamos em sair, mas como tudo estava fechado no almoço, não deveria ter nada funcionando àquela hora. Sendo assim, tomamos um café e ficamos de bobeira no quarto. Agora está faltando pouco para deixarmos os relatos em dia!

Gastos
- Pousada: R$69,00   - Almoço: R$26,00   - Supermercado: R$17,34

domingo, 26 de fevereiro de 2012

461° Dia – Prado – Teixeira de Freitas – 20/02/2012 – Segunda-feira

Durante esta noite, mais uma vez, choveu bastante. Por sorte, ontem saímos para comprar algo impermeável para colocarmos por cima da barraca, pois está com goteiras. O engraçado é que não tinha lona em nenhum lugar aberto e acabamos comprando uma cortina de banheiro, bem florida. Mesmo assim, acordamos várias vezes durante a madrugada, mas por causa das conversas escandalosas dos nossos vizinhos bêbados. No início da manhã, eles voltaram a fazer um escândalo que nos acordou novamente. Felizmente, eles foram pegar uma praia e nos deixaram dormir mais um pouco. Levantamos às 10h com um silêncio ao nosso redor maravilhoso. Ainda um pouco cansados, fomos tomar o nosso café da manhã reforçado, pois hoje teremos uns 80Km de pedaladas pela frente.
Após comermos, começamos a levantar equipamento e organizamos tudo tranquilamente. Próximo das 13h, nos despedimos do pessoal do Camping Fruta-Côco e da Mimimi e caímos na estrada. O início da estrada foi tranquilo, mas ficamos em dúvida de prosseguir pedalando até Teixeira de Feitas, pois talvez chegássemos de noite. Ao chegarmos ao trevo de Alcobaça, vimos que daria tempo e pegamos o caminho que se afasta do litoral e vai até Teixeira de Freitas.
A partir deste momento, o vento ficou a nosso favor e conseguíamos imprimir um bom ritmo de pedalada. O problema é que o sobe e desce se fez presente. Após duas rápidas paradinhas para descansarmos um pouco e repormos às nossas energias, já estávamos bem próximos da cidade. A está altura, nos deparamos com um imenso vale que parecia o leito de um rio pré-histórico e gigantesco. A região era muito verde, com uma variedade imensa de plantas e aves. Uma das paisagens mais belas dos últimos trechos de pedalada. Pena que para sairmos deste vale, pegamos uma subidinha que nos fez suar como há muito tempo não suávamos!
Ao cair da noite, chegamos à entrada da cidade. Sendo assim, começamos a nos informar sobre onde se localiza a rodoviária. Após algumas paradas e alguns caminhos um pouco errados, chegamos ao nosso destino. A rodoviária era pequena e percebemos que só uma empresa faz a linha até Vitória. Como todo monopólio acaba se tornando um pouco abusivo, pagamos o valor exigido e ainda tivemos que marchar num excesso de bagagem absurdo (R$40,00 após muito choro).
Como não havia outro jeito, pagamos o que tínhamos que pagar e fomos aproveitar as 4h que tínhamos até a saída do ônibus. Tomamos um bom banho (muito bom mesmo) e fizemos um lanchinho. Um pouco antes do horário de partida, iniciamos a desmontagem dos nossos equipamentos. Assim que chegou o ônibus, embarcamos e capotamos, pois o cansaço era grande.

Gastos
- Ônibus: R$114,00   - Lanches: R$13,00   - Excesso: R$40,00   - Banho,00   - Banho: R$10,00
Estatísticas
- Distância: 86,3Km   - Tempo: 4h57min49”   - Média: 17,3Km/h
Condições da estrada
- Ruins, pois em grande parte do caminho não havia acostamento ou o acostamento era muito ruim.

460° Dia – Prado – 19/02/2012 – Domingo

De trancinhas e tudo...rs..
Hoje fomos acordados pelos nossos gentis companheiros de acampamento, que acordaram ensopados pela chuva da madrugada e ficaram sacudindo as suas barracas e jogando a água em todas as outras ao redor. Não entendo como, em certas circunstâncias, as pessoas esquecem totalmente o tal respeito ao próximo. Para animar ainda mais a nossa manhã, mal conseguimos entrar nos banheiros coletivos que estavam tomados de barro, vômito, entre outras coisas que nem é bom lembrar.
Respiramos fundo e fomos tomar o nosso café da manhã caprichado. Após a refeição, resolvemos ir à praia para desopilarmos a mente. Deus ouviu as nossas lamúrias e nos deu um mar verdinho, quentinho e tranquilo para pararmos de reclamar da nossa sorte.
Passamos a tarde inteira curtindo aquela maravilha da natureza. Fomos injustos nos dias anteriores ao compararmos o mar de Prado ao mar chocolate que conhecemos. Hoje ele nos mostrou porque é a preferencia de tantos mineiros, capixabas e baianos. Quando começou a fechar o tempo para chuva, voltamos ao camping.
Após o lanchinho da noite, o Moacir foi escrever alguns relatos, enquanto eu fazia trancinhas no cabelo dele. Aproveitamos o clima de carnaval para tentarmos um penteado que eu estava louca para fazer. Quando eu acabei, ambos estranhamos um pouco, mas gostamos do resultado. Desta maneira, fomos dar uma voltinha no centro para aproveitarmos a nossa última noite no carnaval baiano.
Como o agito dos trios elétricos estavam muito intensos, fomos dar uma caminhada para os lados do carnaval infantil. Para a nossa surpresa, no fim da rua do carnaval infantil estava acontecendo um baile de carnaval aberto ao público, cheio de marchinhas, fantasias, e tudo que um antigo baile tem de bom! Ficamos um tempinho dançando e, quando o cansaço começou a bater, voltamos ao camping. No caminho, ainda descobrimos uma rua paralela a principal cheia de restaurante de qualidade e ainda comemos o tradicional sorvetinho da noite. Assim que chegamos, nos arrumamos e fomos dormir.

Gastos
- Camping: R$30,00   - Supermercado:R$11,52   - Sorvete: R$7,00   - Aquisições: R$8,90   - Almoço: R$24,76

sábado, 25 de fevereiro de 2012

459° Dia – Prado – 18/02/2012 – Sábado

Acordamos tarde, depois da noite inteira escutando os trios elétricos. Procuramos a nossa volta e a Mimimi não estava mais lá. Para completar o pacote, ao olharmos para as nossas bagagens, percebemos que a chuva da madrugada havia molhado a nossa barraca. Desta maneira, fomos tomar o nosso café da manhã e, em seguida, limpar toda a bagunça.
Enquanto comíamos, o Carlos (dono do camping) apareceu com a Mimimi no colo. Perguntamos onde ela estava e ele nos respondeu que a havia encontrado dormindo no quarto do pai dele. Todos nós rimos da situação e ficamos felizes por ela já estar se sentindo em casa.
Como não estávamos muito motivados a pegar uma praia, ficamos a tarde toda costurando, lavando e limpando os nossos equipamentos. No meio da tarde, fomos ao supermercado comprar reforços para a janta e numa distribuidora de bebidas buscar um galão de 20 litros de água. Como os rapazes da distribuidora ficaram de entregar a água até às 16h, voltamos rapidamente ao camping e ficamos esperando eles chegarem. Ficamos aguardando e escrevendo relatos até às 18h, como os entregadores não apareceram, pegamos as bicicletas e fomos buscar a água. Chegando lá, eles deram uma desculpa, mas nos entregaram a água numa boa. Pegamos o galão e voltamos ao camping.
Como já era tarde quando chegamos, jantamos o nosso café colonial e fomos descansar um pouco. Assim que acordamos, nos arrumamos e saímos para ver o trio elétrico. Ao chegarmos à praça de eventos, havia uma multidão nas ruas, ficamos poucos minutos, comemos um sorvetinho, compramos um pouco mais de pão e voltamos para o camping. Definitivamente não estamos neste clima de “rebola com o dedo no chão”. Voltamos à barraca e ficamos escutando o trio elétrico até pegarmos no sono.

Gastos
- Camping: R$30,00   - Água:R$6,00   - Supermercado:R$16,19   - Sorvete: R$5,00   - Pão: R$1,40

458° Dia – Prado – 17/02/2012 – Sexta-feira

Acordamos assustados com o barulho do som de uma das barracas do camping. De ontem para hoje, aumento muito o contingente de campistas e a galera parece em clima carnavalesco mesmo. Pelo jeito, lá se vai o nosso carnaval tranquilo em uma prainha pequena do sul da Bahia.
Enquanto fazia a minha higiene matutina, uma das novas campistas veio conversar comigo e me contou que faz 5 anos que ela vem passar o carnaval em Prado e que, mesmo sendo carioca, ela considera o carnaval de Prado o melhor do país. Confesso que me assustei um pouco com o comentário dela, mas não imaginei o que estava por vir.
Tomamos o nosso café da manhã, escrevemos mais um pouco e fomos para a praia. Na volta da praia, passamos no supermercado para comprarmos a janta e voltamos ao camping. Levamos mais um susto ao percebermos que havia ainda mais gente no camping e que o pessoal não parava de chegar. Tinha carro de Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, interior da Bahia, uma loucura.
Enquanto preparávamos a janta, começamos a ouvir os trios elétricos que já agitavam a praça de eventos de Prado. Realmente não esperávamos estar no meio do agito carnavalesco, mas, como já estamos aqui mesmo, vamos aproveitar! Após a janta, fomos dormir um pouco para aguentarmos a festa.
Em torno das 23h30min, acordamos e fomos até a praça (que fica há uma quadra do camping). O local estava lotado de foliões que dançavam axé, sertanejo, funk, samba, uma loucura. Ficamos uma hora em meio à multidão, em seguida, pegamos uma tapioca doce para comermos e seguimos para o camping (estamos ficando velhos mesmo).
Antes de entrarmos no camping, escutamos uns miados e ficamos procurando de onde eles vinham. Para a nossa surpresa, era uma filhotinha de gato abandonada que estava entre as folhagens que decoram o camping. Aproximamos-nos dela e percebemos que ela tremia demais e que se assustava com qualquer barulhinho. Ficamos com muita pena de deixar ela abandonada e pedimos ao dono do camping se podíamos deixa-la dentro do camping e alimentá-la. Como ele não se opôs, demos leite e ficamos brincando com ela.
Quando fomos dormir, imagina quem nos seguiu? A gatinha era uma figura miando pelo camping atrás da gente. Desta forma, deixamo-la entrar no avanço da barraca. Logo que entramos, começou a chover. Ela se assustou com a chuva batendo na lona da barraca e tentou fugir. Sendo assim, fui obrigada a sair na chuva atrás dela para evitar que ela se molhasse muito. Levei-a para a barraca, a acalmei e fiz uma cama para ela. O Moacir até queria coloca-la para dormir conosco, mas eu achei que já era demais. Ela tentou entrar algumas vezes na barraca e acabou dormindo na sua caminha protegida da chuva mesmo. E nós acabamos dormindo felizes com o mais novo mascote, a Mimimi!
Gastos
- Camping: R$30,00   - Lanche da madrugada: R$7,50   - Supermercado: R$12,35

457° Dia – Prado – 16/02/2012 – Quinta-feira

Acordamos recuperados da pedalada de ontem e fomos tomar o nosso farto café da manhã. Como o camping possui várias árvores frutíferas e o dono deixa colher, comemos manga, goiaba e acerola, tudo direto do pé. Após o desayuno, ficamos relaxando embaixo das árvores do camping e curtindo a rede. Estamos aproveitando esses dias para atualizarmos o blog. A nossa ideia é aproveitar os dias do carnaval para escrevermos muito, visto que teremos que ficar parados para fugirmos dos perigos da Rodovia Federal na época de carnaval.
No meio da tarde, abandonamos o computador e a rede e fomos para a beira da praia. Assim que chegamos, nos deparamos com um mar parecido com o de Pinhal, com uma “pequena” diferença na temperatura da água que, aqui, deve estar em torno dos 27ºC. Após um banho de mar, fomos caminhar pela orla. Passamos por inúmeras barraquinhas e nos instalamos embaixo de um coqueiro. Quando a sombra do coqueiro acabou, tivemos que nos render ao clima de carnaval e beber uma cervejinha numa das barraquinhas.
Após 600ml de cerveja, ambos estavam bêbados e morrendo de fome. Fomos até o supermercado para comprar complementos para a janta e retornamos para cozinhar. Ficamos com desejo de pegar uns steak de frango e fazermos uns sanduíches reforçados. Assim que retornamos ao camping, montamos o fogareiro e iniciamos os preparativos. Ficamos mal de tanto comer e fomos dar uma deitada para relaxarmos um pouco.
Mais tarde, ainda saímos para pegar um sorvetinho e tomar uma cerveja enquanto assistíamos a prova do líder do BBB. Em seguida, voltamos para o camping e capotamos na nossa barraca.

Gastos
- Camping: R$30,00   - Cerveja: R$9,00   - Supermercado: R$27,96    - Sorvete: R$3,10    - Queijo coalho: R$2,00

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

456° Dia – Cumuruxatiba – Prado – 15/02/2012 – Quarta-feira

Lanchinho natural debaixo de um pé de manga.
Com a Cris já se sentindo bem melhor do que ontem, nos animamos em pedalar até Prado. Tomamos o café da manhã, arrumamos tudo e partimos. Na saída da cidade vimos um camping que parecia ter uma boa infraestrutura e bateu um certo arrependimento de não termos procurado melhor a hospedagem.
A estrada era bem semelhante à do último trecho que pedalamos, cheia de subidas e descidas em péssimas condições, além de muita areia solta e costeletas. Chegamos a tentar ir pela beira da praia, mas não obtivemos sucesso devido à areia extremamente fofa. Foram quase 4h de bastante sofrimento devido às bikes carregadas sacolejando no chão batido.
Ao chegarmos em Prado, começamos a buscar onde ficar. Depois de passar por duas pousadas na entrada da cidade, optamos por ir até mais próximo da orla. Por sorte, encontramos o Camping Fruta-Côco e fomos verificar a situação. O local parecia bem arrumadinho e por um precinho bom. Como o pessoal manteria o mesmo preço no carnaval, acabamos optando por ficar por aqui até segunda-feira para descansarmos e colocarmos em dia os relatos. Sendo assim, acertamos tudo e fomos procurar algum lugarzinho com sombra para colocarmos a nossa barraca.
Depois de quase 1h de função, já estávamos com a nossa moradia dos próximos dias em plenas condições. Sendo assim, fomos para a praia para relaxarmos um pouco. Infelizmente a orla não se mostrou com muita beleza natural e acabamos ficando um pouco decepcionados, pois o mar é um pouco mais escuros que os demais destinos baianos. Mesmo assim, a água é quentinha e excelente para um bom banho.
Mais tarde, saímos da praia e fomos direto para o camping para tomarmos banho e sairmos para jantar. Comemos num restaurante que tinha uma comida boa e wifi (aproveitamos para saber das novidades). Demos uma passeada pela cidade, fizemos um ranchinho no supermercado e retornamos para o camping.
Enquanto descansávamos na rede, o Moacir escutou a promoção de uma sorveteria que estava oferecendo buffet de sorvete por R$9,90, o quilo. Desta maneira, fomos obrigados a conferir. Comemos 700ml de sorvete, demos uma caminhada pela cidade e voltamos ao camping para dormirmos de barriga cheia. Eita vida!

Gastos
- Camping: R$30,00   - Janta: R$42,46   - Supermercado: R$48,87    - Sorvete: R$7,00
Estatísticas
- Distância: 35,8Km   - Tempo: 3h38min24”   - Média: 9,47Km/h
Condições da estrada
- Muito ruins, com diversos pontos de atoleiros cheios de areia (o tempo todo foi chão batido).

455° Dia – Cumuruxatiba – 14/02/2012 – Terça-feira

Acordamos bem cansados e a Cris começou a sentir as dores da queda. Os hematomas estavam bem maiores do que ontem e acabamos optando por ficar mais um dia aqui, só descansando e recuperando das dores. Desta maneira, tomamos o café da manhã da pousada e retornamos para o quarto para relaxarmos.
Levantamos mais tarde (estamos meio perdidos no horário porque estourou a pulseira do meu relógio lá em Trancoso e desde então não fazemos as coisas muito pelo horário) e começamos a escrever os relatos atrasados. Cada dia que passa estamos conseguindo deixar mais atualizados os relatos.
No meio da tarde, saímos para dar uma olhada na praia. Infelizmente a maré estava baixíssima, deixando uma grande faixa de areia sem nada. Como a praia não tinha atrativo algum, demos uma passeada pela cidade. Aproveitamos para passar no supermercado para comprarmos alguma coisa para fazermos um lanchinho.
De volta à pousada, tiramos a barriga da miséria e fomos para o quarto. Ficamos nos divertindo com os joguinhos do computador, pois estávamos precisando relaxar. De noite, saímos para jantar. Pena que demoramos demais e os restaurantes todos já estavam fechados e tivemos que comer um xis morte lenta num trailer no centro. O lanche não caiu muito bem para a Cris e tivemos que voltar rapidamente para a pousada. Passamos o resto da noite descansando e nos preparando para amanhã enfrentarmos a estrada.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Janta: R$13,00   - Compras: R$5,55

454° Dia – Ponta do Corumbau – Cumuruxatiba – 13/02/2012 – Segunda-feira

Levantamos relativamente cedo, tomamos o nosso café e partimos. A estrada de chão batido fazia lembrar da pedalada dos últimos dias, pois os ísquios (ossos da bunda) continuavam doendo. Além disso, parecia ter muito mais areia solta do que no dia em que chegamos. Pedalávamos com muito cuidado. Num dos vários atoleiros, peguei uma areia bem fofa e acabei caindo, pois não deu tempo de desclipar o pé direito. Após a queda, aprendi o que a Cris sempre me fala: Anda desclipado neste areião!
Continuamos o nosso caminho e as condições não variavam muito, sendo na maior parte do tempo areia solta e costeletas intermináveis. Cansados da tensão, fizemos um pit-stop num dos poucos bares em que vimos na estrada. Fomos atendidos por um garoto e ficamos conversando com ele. Perguntamos sobre o caminho até Prado e ele nos disse que teríamos que dobrar a esquerda daqui uns 8Km e que Prado ainda estava muito longe. Agradecemos pelo atendimento e pelas informações e seguimos o nosso caminho.
Quando vimos a bifurcação, perguntamos no barzinho que havia para confirmar a informação do garoto. A senhora que estava atendendo disse que realmente tínhamos que dobrar a esquerda e que não sabia a distância até Prado, mas que até Cumuruxatiba ainda tinham 33Km. Mais uma vez agradecemos e partimos.
A partir deste momento, começamos a nos reaproximar do mar, pois havíamos nos afastado bastante. O terreno mudou um pouco e o areial e as costeletas diminuíram um pouco. Entretanto, apareceram descidas e subidas curtas, íngremes e cheias de erosão. Numa destas descidas, a Cris pegou um areial no final da descida e acabou caindo. Na queda ela acabou se batendo bastante na bicicleta e ficou com dor em vários pontos do corpo, principalmente no joelho esquerdo que bateu no chão. Fizemos uma pausa para ela se recuperar do susto e para vermos se tinha sido algo mais sério. Felizmente foram só escoriações e pancadas, sem nenhum ferimento ou lesão mais grave.
Continuamos a pedalada e o sobe e desce não parava. Hoje foi mais um dia em que o trecho pedalado foi digno de uma corrida de aventura. Com o relevo tão acidentado, concluímos que não seria possível chegar em Prado hoje e teríamos que dormir em Cumuruxatiba.
Comemoramos bastante quando avistamos o mar, ainda em cima dos morros. E ainda mais quando, finalmente, chegamos na orla! Os últimos quilômetro foram costeando a orla e admirando a beleza do oceano. Chegamos ao centro do povoado e iniciamos a pesquisa por onde ficar. Até vimos uma pousada com uma excelente infra por R$90,00 por dia, mas optamos por procurar alguma mais simplesinha. Achamos uma bem no centro que era boazinha, com um preço camarada e tinha geladeira disponível (poder ter algo gelado a mão para beber é um fator extremamente motivador). Sendo assim, instalamo-nos e fomos tomar um bom banho para tirar toda a poeira da estrada. O dono da pousada foi parceria e já encomendou uma água de 20l a nosso pedido.
Em seguida, saímos para achar algum lugar para comer. Fomos até o Restaurante Ema e fomos surpreendidos por dois PF’s gigantescos e extremamente saborosos. Acabamos com toda a comida (e bota comida nisso) e ainda fizemos uma boquinha na sorveteria antes de voltarmos à pousada. Assim que chegamos de volta ao quarto, assistimos um pouco de televisão e já fomos dormir, pois o cansaço era grande e amanhã ainda temos toda a ida até Prado.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Janta: R$30,80   - Água: R$10,00    - Sorvete: R$2,70   - Refrigerante: R$3,00
Estatísticas
- Distância: 61,1Km   - Tempo: 6h01min29”   - Média: 10,14Km/h
Condições da estrada
- Muito ruins, com diversos pontos de atoleiros cheios de areia e subidas e descidas em péssima situação (o tempo todo foi chão batido).

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

453° Dia – Ponta do Corumbau – 12/02/2012 – Domingo

Acordei lá pelas 9h e a Cris continuava fadigada do cansativo dia de ontem. Sendo assim, deixei ela dormindo, peguei a máscara de snorkel e fui dar uma olhada como estava o mar. A maré estava bem baixa e me deparei com aquela longa faixa de areia para dentro do mar. Caminhei por toda ela e tentei fazer snorkel em diversas partes, mas não vi nenhum peixe ou coral. Um pouco frustrado, fui dar uma caminhada para explorar o outro lado da praia. Vi que havia uma foz de rio do outro lado do pontal, mas o local não possuía nenhuma beleza rara.
Desta forma, retornei para a pousada para ver se a Cris já estava despertando. Assim que cheguei ela levantou e tomamos o nosso café da manhã. Em seguida, ela se arrumou e partimos para a praia. Caminhamos até a ponta da faixa de areia e ficamos admirando a paisagem. Quando estávamos nos arrumando para retornar para frente da pousada (a área de banho é melhor), vi dois golfinhos mergulhando. Ficamos muito empolgados e torcendo para que eles aparecessem novamente. Infelizmente ficamos quase 1h e nada! Como a maré começou a encher, retornamos para a área de banho.  Até vimos que têm uma região rica em corais a uns 300m da orla, mas não nos animamos em “pedir carona” para algum barquinho de pescador. Ficamos mais umas 2h tomando um banho relaxante e revigorante. A água daqui realmente é uma delícia!
Já cansados de tanta praia e torrados de tanto sol, retornamos para a pousada. Tomamos um bom banho e aproveitamos para almoçar o arroz com galinha que fizemos ontem. Cansados e de barriga cheia, nada melhor do que uma siesta. Dormimos até umas 16h30m.
Assim que levantamos, fomos dar mais uma voltinha pela praia. Como já tínhamos tomado um enfartaço de praia mais cedo, ficamos pouco tempo. Na volta para a pousada, já passamos nos mercadinhos para comprar complementos para a janta e o café da manhã de amanhã. Ficamos espantados com o preço das coisas, mas não tínhamos escapatória (ainda bem que viemos com os alforges carregados e tivemos que comprar pouca coisa). Para se ter uma ideia, um litro de leite custava R$3,50 (no lugar mais barato).
De volta à pousada, comemos e ficamos dando uma arrumada nas coisas para não demorarmos muito amanhã de manhã. Mais tarde, ainda fomos dar uma voltinha e vimos que eles têm exibição de filmes em telões improvisados na beira da praia. Achamos muito legal a ideia, mas acabamos não ficando para compartir o momento, pois o filme já estava na metade e tínhamos muito o que fazer ainda. De volta ao nosso quarto, terminamos de arrumar as nossas coisas e fomos dormir, pois amanhã teremos um bom chão até Prado.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Compras: R$14,00

452° Dia – Caraíva – Ponta do Corumbau – 11/02/2012 – Sábado

Acordamos renovados depois de uma bela noite de sono numa caminha confortável. Como não tínhamos água, pão nem gasolina para o fogareiro, fui comprar tais itens enquanto a Cris dava mais uma descansadinha. Depois de uns 30min, retornei à Pousada Camping Chalés Pau Brasil e acordei a Cris para começarmos a arrumar tudo. Em pouco tempo tomamos o nosso café da manhã, arrumamos tudo e enchemos os nossos reservatórios de água (11 litros no total), pois, segundo o que nos falaram, Ponta do Corumbau é um lugar bem isolado.
Como teríamos que atravessar para a cidade antiga de Caraíva, descemos pela trilha que vai direto até os barqueiros que os locais utilizam, pois são mais econômicos do que os turísticos (R$5,00 o casal ao invés de R$4,00 por pessoa). O mesmo barqueiro de ontem veio fazer o translado e se apavorou com o peso das bicicletas. Porém, apesar do sofrimento, conseguimos equilibrar as duas bikes no pequeno barquinho e iniciamos a parte fluvial do trajeto. Foram uns 15min de viagem, pois pedimos para ele nos deixar o mais próximo do centro da cidade possível para termos que empurrar menos as bikes pelas ruas de areia.
Assim que atracamos do outro lado, agradecemos pelos serviços e já começamos a sofrer. Empurrar as bicicletas carregadas na areia fofa é um trabalho desumano. A força que temos que fazer nos braços e costas para conseguirmos andar poucos metros nos fadiga rapidamente. Para a nossa sorte, fomos do cais até a igreja por um caminho de terra mais socada em que não tínhamos que fazer tanta força. No entanto, da esquina da igreja em diante foram minutos intermináveis de muito esforço e suor debaixo de um sol escaldante. O problema, além dos já citados, era que não sabíamos o quanto duraria a tortura, pois somente sabíamos que “mais pra frente” a estrada ficava com o chão duro (conforme informes que obtivemos ontem).
Ficamos uns 30min intercalando entre momentos de sofrimento com descansos merecidos nas raras sombras. Como as forças e, principalmente, a paciência estava se esgotando, fui reconhecer o terreno à frente enquanto a Cris descansava um pouco. Fiquei extremamente feliz em ver que faltavam apenas uns 50m para chegarmos ao chão batido prometido. Sendo assim, totalizamos uns 500m de areia fofa que foi uma excelente aquecimento para o dia, pois já estávamos destilando de tanto suar.
Finalmente conseguimos iniciar as pedaladas realmente. A estrada praticamente costeava o mar, sendo separada somente por alguns cômoros. Neste momento vimos que a história de que não existe carro era pura invenção, pois vimos inúmeras casas com carro na garagem. Pelos menos a esta altura conseguíamos pedalar (está certo que com uma certa dificuldade) e tínhamos uma bela brisa marinha para nos refrescar. De tempos em tempos a estrada se tornava um atoleiro de tanta areia e tínhamos que relembrar o cansativo processo de empurrar as bikes.
Assim fomos até o povoado de Barra Velha. Lá pudemos escolher entre ir pela beira da praia ou então pegarmos uma “estrada” secundária. Falamos com um senhor que estava no entroncamento das duas escolhas e pedimos informação. Ele nos disse que pela praia seria bem difícil, pois a areia é extremamente fofa e a maré estava alta. Sendo assim, perguntamos o caminho pela estrada. Ele disse que passaríamos por um povoado, por uma área dos índios Pará e de lá pegávamos o caminho até a Ponta do Corumbau.
Com as informações na cabeça, agradecemos e partimos. Uns 200m à frente passamos por duas indiazinhas e elas começaram a correr atrás da Cris para conversar. Achamos um pouco diferente a atitude delas, mas conversamos um pouco com elas e nos despedimos, pois precisávamos aumentar o ritmo para chegar em Corumbau ainda hoje. Passamos pelo povoado que o senhor havia falado e paramos para perguntar o caminho, pois as ruas mais pareciam um labirinto. Outro senhor prestativo nos informou por onde deveríamos ir e continuamos as nossas pedaladas.
A partir deste momento, conforme pedalávamos a estrada ia se transformando em uma trilha cada vez mais precária. Quando percebemos, estávamos pedalando por uma picada no meio do mato alto. Seguíamos o caminho sem ter muita certeza do que estávamos fazendo. Passamos por alguns povoados indígenas meio desertos e seguimos em frente. Olhávamos em volta e só víamos mata, sem casas ou pessoas. Paramos, ligamos o GPS e, infelizmente, não adiantou nada, pois estávamos no meio do nada segundo o satélite (e pior que estava certo). De repente, apareceu uma moto e aproveitamos a oportunidade para perguntarmos o caminho. O motoqueiro confirmou o caminho e disse que não faltava muito para chegarmos.
Ficamos muito felizes, principalmente pela dúvida ter ido embora (a dúvida é uma das piores coisas quando se está “perdido” numa região remota e desconhecida). Seguimos a nossa pedalada na pequena trilha de areia fofa em meio aos juncos. Achávamos até engraçado tal situação, pois mudamos completamente o estilo dos nossos trajetos nos últimos dias em relação ao restante da viagem.
Depois de quase 1h, chegamos à ponte que era a referência de quase estar chegando. Quando estávamos passando pela ponte, percebemos que a água do rio era vermelha, muito diferente das demais que já vimos. Admiramos aquele recanto de mata preservada em meio ao junco e às pastagens. Continuando a pedalada, nos deparamos com uma mistura de junco e pastagem onde tinha um grande rebanho. Progredíamos com uma certa precaução, pois vários estavam nos encarando fixamente. Foi então que tive a ideia de colocar duas folhas de coqueiro no capacete. Assim que continuamos empurrando as bikes (nesta altura a areia fofa não deixava mais a gente pedalar) o rebanho olhou novamente e dispersou com medo. A Cris acha que não, mas tenho certeza que a minha camuflagem funcionou.
Ainda comemorando e rindo da situação, avistamos dois carros passando em alta velocidade a uns 300m de onde estávamos. Ficamos realmente felizes, pois deduzimos que lá deveria ser a tão esperada estrada. Os últimos metros de empurra bike nem foram tão ruins, pois não víamos a hora de poder pedalar novamente. Chegando na estrada, o chão batido em más condições parecia um asfalto perfeito para nós. Pedalávamos com um sorriso frouxo no rosto. Em menos de 30min chegamos ao povoado de Corumbau. O caminho que fizemos hoje foi digno de uma corrida de aventura, e das pesadas!
Sendo assim, iniciamos a procura por onde ficar. Paramos numa pousada para perguntar o preço e veio como resposta um surpreendente R$150,00 (uma pousada bem simplesinha). Diante de tal informação, perguntei se havia camping ou alguma outra pousadinha mais simples e barata. A moça nos indicou falar com a Dona Ana que é a dona da Pousada do Pontal, bem no centro do povoado. Sendo assim, lá fomos nós.
Ao encontrarmos a Dona Ana, vimos as condições do estabelecimento e demos uma choradinha no preço. Como ela baixou um pouco o preço, era o última unidade disponível e o quarto era bem grande e bem cuidado, instalamo-nos. Assim que estávamos entrando, veio um senhor perguntar para a Dona Ana se ela tinha vaga. Por dentro, agradecemos por termos nos instalado de uma vez. Colocamos todas as nossas coisas no quarto e já fomos para a praia.
Assim que vimos o local, tivemos certeza de que o sofrimento valeu a pena. O mar era uma piscina de tão calmo e com uma água quentinha. Ficamos um bom tempo relaxando nas águas maravilhosas da Ponta do Corumbau. Fazia tempo que não pegávamos uma água tão boa! Infelizmente a maré estava alta e não conseguimos observar a faixa de areia que dizem que entra um bom pedaço para dentro do mar. Cansados de tanta água, começamos a retornar à pousada. Como a fome já estava grande, passamos em alguns restaurantes para ter uma noção de preço. Confirmamos o que as pessoas haviam nos dito sobre os preços um pouco salgados (em média uns R$50,00 por um prato para duas pessoas).
Sendo assim, optamos por fazermos a nossa janta. Voltamos para a pousada, tomei um banho rápido e fui procurar o que comprar nos mercadinhos para cozinharmos enquanto a Cris tomava o banho dela. Para a minha surpresa, só tinha carne para vender na mercearia da beira da praia, que também era restaurante. Peguei um pacote de peito de frango, tomate e cebola para fazermos um clássico arroz com galinha.
Chegando de volta à pousada iniciamos os preparativos. Quando fomos descongelar a carne vimos que eram dois peitos enormes. Como não temos onde guardar a carne refrigerada, decidimos fazer um arroz com galinha para a janta, comer tudo, lavar a louça e já fazer outro arroz com galinha para amanhã. Cumprimos o combinado e, após terminar tudo, estávamos exaustos e empanturrados! Ainda demos uma voltinha pelo mini centro (mini mesmo!), mas tudo já estava fechado ou fechando. Sendo assim, retornamos e fomos dormir, pois amanhã queremos pegar a maré baixa para ver a diferenciada beleza deste local e aproveitar este mar paradisíaco.

Gastos
- Pousada: R$50,00   - Compras: R$31,00   - Gasolina: R$2,00    - Barco: R$5,00
Estatísticas
- Distância: 16,7Km   - Tempo: 2h11min54”   - Média: 7,3Km/h
Condições da estrada
- Na verdade não era estrada, grande parte do caminho foi numa trilha no meio do areial e do mato.

451° Dia – Caraíva – 10/02/2012 – Sexta-feira

Após uma longa noite de sono, acordamos e preparamos tudo para pegarmos o ônibus até a praia do espelho. Assim que chegamos na parada, às 11h15min, perguntamos para o dono de um barzinho o horário da ônibus e ele nos informou que havíamos perdido o horário das 11h e que o próximo passaria somente às 16h. Para quem pretende conhecer o lugar, fica a dica dos horários dos ônibus: 5h30min, 11h e 16h.
Como não existe ônibus após as 16h, ou seja, teríamos que voltar caminhando mesmo e o Moacir anda acreditando que não devemos contrariar o destino, decidimos ir a pé e voltar de ônibus. Desta maneira, passamos no camping para pegar água, boné, óculos, cangas e mais protetor, e fomos para a beira da praia. Quando chegamos, a maré estava muito baixa e dava para passar pelo mangue sem se molhar. É interessante notar a mudança da água do rio conforme a maré, ontem ele estava bem verdinho e hoje, muito marrom.
A caminhada até a Praia do Espelho foi uma bela aventura. Passamos por falésias enormes, locais de mata abundante, praias extensas, além de um morro que tivemos que atravessar, pois as falésias terminavam dentro do mar. A paisagem era impressionante, a cada curva uma surpresa.
Após duas horas de pernada e muitas fotos, chegamos à praia. Realmente o local é paradisíaco, cheio de recifes que deixam o mar transparente e cheio de piscinas naturais. Com tanta beleza a nossa volta, decidimos aproveitar bem o dia na Praia do Espelho e voltarmos caminhando os 10Km até Caraíva, pois o ônibus passava às 15h no estacionamento da praia e mal poderíamos aproveitar.
Sendo assim, montamos acampamento e corremos para o mar. Para completar o pacote de praia perfeita, a água era quentinha, uma delícia. Ficamos o dia todo alternando entre água e areia. Pudemos observar que a Praia do Espelho possui uma boa estrutura de pousadas e restaurantes, mas com um padrão bem alto, o que aumenta o preço. É uma boa opção para pessoas que têm pouco tempo de férias e que pretendem relaxar e esquecer o mundo. Como não estamos podendo gastar, levamos as nossas cangas e lanchinhos para o dia e curtimos muito bem na sombra de uma das inúmeras árvores da praia.
Em torno das 17h, começamos o regresso à Caraíva. Fomos surpreendidos pelos efeitos da maré alta. Os rios que nem havíamos notado na ida, estavam muito fortes e, em alguns deles, a água quase me cobria. Tive que passar a maioria deles sendo arrastada pelo Moacir. Além disso, nos trechos de falésia, as ondas batiam nas pedras e nos davam muitos sustos. Aprendemos na marra que caminhar pelas praias exige conhecimento da maré. Apesar de alguns momentos de aperto, a volta foi tranquila e rápida e, antes do anoitecer, já estávamos em Caraíva.
Como este será o nosso último dia na cidade, resolvemos pegar um barquinho (R$2,50 por pessoa, na trilha do povoado) e irmos conhecer a ilha. A chegada na mesma foi uma decepção. A praia possuía um mar revolto e um pouco escuro, a cidadezinha, apesar de bonitinha, nos passou uma imagem de enganação para turista estrangeiro (parece uma aldeia hippie, mas cheia de lojinhas caras) e, quando o rio sobe, as pessoas são obrigadas a caminhar por dentro do mangue que se mistura com o lixo dos restaurantes, um nojo. Demos uma caminhada pelo povoado e já pegamos o barco de volta a trilha do camping.
O restante da noite foi curtindo o clima de paz que emana o Camping Chalés Pau Brasil. O Moacir seguiu ajudando o pessoal a montar o blog deles, eu continuei brincando com a fofa da Ana e cozinhamos uma bela massa com queijo para renovar as energias do dia. Além disso, o Adriano (dono do estabelecimento) ainda nos cedeu um quarto dos chalés para dormirmos. Sendo assim, pudemos tomar um banho quentinho e dormirmos em uma caminha fofinha (após uma gostosa e merecida massagem nos pés, claro). Mais uma vez, nos surpreendemos com a bondade humana. Como é bom estar rodeado de gente boa, que faz o bem só por costume, que maravilha!

Gastos
- Camping: R$30,00   - Barco: R$10,00

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

450° Dia–Trancoso – Caraíva – 09/02/2012 – Quinta-feira

Acabamos acordando meio tarde e já iniciamos a desmontagem de todo acampamento com uma certa pressa. Tomamos o nosso café da manhã, nos despedimos do pessoal e partimos para a estrada. Foram uns 5Km de asfalto até chegarmos ao trevo onde pegaríamos o chão batido até Caraíva.
Ao nos aproximarmos do trevo, avistamos um ônibus parado. Coloquei na cabeça que se o ônibus ficasse parado lá até a gente chegar na parada era um sinal. Como este “sinal” se confirmou, perguntei para o cobrador se o ônibus estava indo para Caraíva e quanto custava. Como tudo estava de acordo com as nossas expectativas, embarcamos e partimos (motorizados) para Caraíva.
Durante a viagem, percebemos que fizemos a coisa certa, pois a estrada estava em precárias condições, era extremamente estreita (em certos pontos só passava um veículo por vez) e não tinha atrativo algum.
Foram umas 2h de viagem até desembarcarmos em Caraíva. Descemos bem nos barquinhos que levam até a cidade antiga, onde (supostamente) não entra nenhum veículo motorizado. Vimos que eles cobram R$4,00 por pessoa para fazer a travessia do rio (uns 40m). Devido à tais condições, optamos por ficar num camping por onde tínhamos passado na cidade nova. Falamos com o motorista e ele aceitou nos deixar em frente ao estabelecimento.
Assim que chegamos à Pousada Camping Chalés Pau Brasil, fomos super bem atendidos e montamos acampamento. O local é muito bonito e oferece uma boa infraestrutura. Após tudo pronto, pegamos as nossas coisas e fomos para a praia. Passamos por uma trilhazinha que vai da estrada até a orla do rio, quase na foz. Este último trecho, tivemos que ir costeando o mangue, sendo que em certos pontos a água batia no joelho.
Assim que chegamos na praia realmente, o nosso intuito era ir caminhando até a Ponta do Corumbau (para o sul) hoje e até a Praia do Espelho (para o norte) amanhã. Infelizmente, os nossos planos não seriam possíveis, pois a Ponta do Corumbau é extremamente longe. Só se conseguia enxergar um risquinho no horizonte. Como também não iríamos até a Praia do Espelho hoje (20Km de ida e volta), ficamos curtindo a praia de Caraíva mesmo. Ficamos um tempo sem saber se entrávamos no rio ou no mar, mas após a aparição de uma nuvem de mosquitos fomos para o mar sem pestanejar. Caminhamos um pouquinho até chegarmos numa parte em que o mar estava mais calmo e nos instalamos debaixo da sombra de alguns coqueiros.
Ficamos o resto da tarde de bobeira e curtindo uma prainha bem relaxante. Não ter pessoas e bagunça em volta é bom para poder relaxar! Ficávamos somente conversando e admirando o mar. Conforme o tempo passava pudemos observar que a maré estava subindo e já estava chegando até onde estávamos. Como teríamos que atravessar o mangue, decidimos retornar. Quando chegamos na foz do rio, nem se enxergava mais a parte em que caminhamos na areia para ir para a praia. Por sorte, encontramos o dono do camping que nos indicou uma trilha por dentro de um terreno e pudemos evitar a parte de mangue com a água na cintura.
Voltamos para o camping, tomamos um bom banho (apesar de gelado) e saímos para ver se encontrávamos algum mercadinho com algum tipo de carne para a nossa janta. A tentativa foi infrutífera e acabamos comprando um creme de leite para dar um gostinho a mais no molho da massa. De volta ao camping, começamos os preparativos da janta. Em pouco tempo já estávamos atacando a massa que havia ficado surpreendentemente boa (devido à falta de acompanhamentos). Após comermos, fomos escrever alguns relatos para tentar deixar em dia e não termos que nos preocupar com isso.
Enquanto escrevia, a Cris fez uma amigona, a filha do casal que toma conta do local. A Ana era uma figura e deu um cansaço na Cris. Foram quase 2h de brincadeiras intensas enquanto eu escrevia e ajudava o casal a montar um blog para o estabelecimento. Com todos bem cansados, nos despedimos e nos recolhemos aos nossos aposentos (no Brasil estamos acampando muito mais do que no resto da viagem). Assim que deitamos, capotamos, pois estávamos bem cansados. Durante a noite chegou a dar um friozinho e matamos a saudade de termos que dormir tapados.

Gastos
- Camping: R$30,00- Compras: R$13,39- Ônibus: R$28,00
Estatísticas
- Distância: 4,5Km- Tempo: 20min   - Média: 13,5Km/h
Condições da estrada
- O trecho que pedalamos estava ótimo, porém o restante péssimo.

449° Dia–Arraial D’Ajuda – Trancoso – 08/02/2012 – Quarta-feira




Acordamos no horário combinado, mesmo estando os dois demolidos por termos dormido tão pouco e mal. A Cris ainda teve uma forte dor de ouvido devido à onda de ontem e mal conseguiu colocar a cabeça no travesseiro. Mesmo assim, tomamos o nosso café e começamos a arrumar tudo para partirmos. Lá pelas 8h estávamos com tudo pronto, agradecemos muito pelo apoio do Hostel Arraial D’Ajuda e partirmos. Antes de pegarmos a “estrada”, ainda fizemos um pit-stop numa farmácia para comprar um remedinho para a Cris. Com tudo certo, partimos para a beira da praia.
Assim que chegamos na areia, vimos que a nossa vida seria bem difícil se a areia não fosse bem socada, pois levamos um suador para atravessar a faixa de areia até chegar próximo do mar. Percebemos que a maré estava extremamente baixa e tentamos pedalar na areia mais dura. Mesmo com os pneus finos e com o peso todo a areia aguentou e conseguimos manter um ritmo bom.
O início foi só alegria, com um visual maravilhoso e uma brisa refrescante. Ao chegarmos em Pitinga começamos a avistar as falésias de Trancoso e tudo ficou ainda mais belo. Pedalávamos sem preocupação alguma! Coisa boa não ter que ficar atucanado com trânsito e buracos no asfalto. É a primeira vez que fazemos um trecho destes na viagem.
Ao nos aproximarmos das falésias, ficamos encantados com o paredão tão próximo ao mar. Mas, aí, começaram alguns obstáculos. Esta proximidade do paredão com o mar ocasionou uma pilha de pedras que inviabilizava a nossa passagem pedalando. Sendo assim, descemos das bikes e fomos analisar a situação. Vimos que poderíamos passar pelas pedras pequenas mais próximas ao mar tranquilamente carregando as bikes. O detalhe é que a bike da Cris pesa uns 40Kg e a minha uns 55Kg. A Cris queria desmontar as bikes (principalmente a minha), mas insisti que conseguiria carrega-las até o outro lado do desmoronamento. Ficamos uns 30min nesta função, mas conseguimos levar as duas para o outro lado. É bem verdade que eu estava com os braços completamente fadigados, sem força para levantar uma pena!
Após um breve descanso, continuamos a nossa pedalada. Foram mais uns 2Km de pedalada e chegamos ao próximo obstáculo do dia: um riozinho. O curso d’água não era tão inho assim e tinha uma certa correnteza. Foi mais uma travessia em que levamos um suador para fazer, mesmo com a água no joelho. Ao chegarmos do outro lado, vimos que as bikes já estavam imundas e a gente com as sapatilhas parecendo um cômoro de tanta areia. Com tais condições, fui tomar um banho de mar para refrescar o corpo e tirar um pouco da areia.
Após conversarmos com um casal de argentinos que veio falar conosco, continuamos a nossa pedalada. Foram mais uns 4Km até vermos umas barraquinhas e suspeitarmos que era Trancoso. Perguntamos para um dos garçons e ele disse que ainda não, faltava uns 500m e, o pior, que tinha mais um riozinho para atravessar.
Continuamos o nosso caminho um pouco cabisbaixos, pois sabíamos que teria mais uma sessão de trabalho árduo. Ao avistarmos o rio, vimos que era o maior do dia. Em seguida, a areia já começou a ficar mega fofa e não conseguíamos mais pedalar. Empurramos as bikes por uns 100m até chegarmos  na beira da água. Atravessei a bike da Cris e retornei para levarmos a minha juntos. Como agora já tínhamos uma certa experiência, esta fois a vez mais fácil, apesar de ser a mais longa. Pegamos a minha bike “no colo” e atravessamos o último rio do dia. Assim que chegamos do outro lado veio uma alegria. Estávamos muito felizes por termos chegado, pois conseguimos chegar cedo (apesar de bem cansados) e por termos acertado na escolha do caminho.
Pegamos uma passarela no meio do mangue e fomos para a cidade de Trancoso. Não sabíamos o que esperar do vilarejo. A única coisa que sabíamos era que tinham algumas pousadas e tínhamos visto o anúncio de uma pousada – camping na internet. Desta forma, começamos a busca pelo tal Camping Cuba. Passamos somente por caminhos pequenos e não muito desenvolvidos até encontrarmos o tal camping. Falamos com o dono e, mesmo não gostando muito, acabamos ficando, pois pensávamos que não encontraríamos nada melhor devido à cidade ser pequena.
Instalamo-nos, montamos a nossa barraca e fomos lavar as bikes que estavam imundas. Após o faxinão, nos arrumamos e partimos para a praia. Ficamos um bom tempo curtindo o mar e relaxando da pedalada diferente de hoje (ficamos com as pernas tranquilas e os braços demolidos). Um pouco revigorados, saímos da praia e fomos conhecer o “Quadrado” (principal ponto turístico de Trancoso). Ao chegarmos no local, vimos que se tratava de uma igreja ao fundo com casas antigas nas laterais e uma praça no meio, formando um quadrado. O local não nos pareceu nada de mais, sendo a única coisa mais bela o visual do mirante nos fundos da igreja.
Como o calor era intenso, fizemos uma paradinha na praça para degustarmos um sorvetinho local. Após nos refrescarmos, fomos explorar um pouco mais a cidade. A cada quadra que caminhávamos, percebíamos que a cidade era completamente diferente do que imaginávamos. Concluímos que estamos num local menos desenvolvido cercado por cidade grande. Vimos restaurantes, supermercados e até outro camping (se remorso matasse). Aproveitamos e passamos no supermercado para comprarmos algumas coisinhas que estavam faltando.
De volta ao camping, guardamos tudo e saímos para comermos num restaurante buffet livre, pois a fome era grande. Empanturramo-nos com tanta comida! Saímos mal do restaurante e fomos relaxar no camping. Ficamos decidindo o nosso futuro, pois de Trancoso em diante só há chão batido, pois descartamos a possibilidade de ir 40Km pela beira depois de hoje.
Depois de colocar na balança todos os aspectos, optamos por termos uma fase mais roots do projeto e pegarmos este chão batido pela frente. A outra opção seria ir para a BR-101 e ir direto para o Espírito Santo, mas com todos com quem conversamos nos dizem que a BR-101 está péssima, sem acostamento, cheia de caminhões e extremamente perigosa. Sendo assim, preferimos sofrer no chão batido a corrermos tanto risco numa estrada. Com tudo decido, fomos nos deitar na nossa “casinha” (ainda bem que trocamos de barraca e pegamos um colchão inflável – VALEU JOÃO e CAMILA!).

Gastos
- Camping: R$40,00- Compras: R$5,25- Janta: R$26,40    - Sorvete: R$3,00   - Farmácia: R$6,00
Estatísticas
- Distância: 13,3Km- Tempo: 1h10min48”   - Média: 11,2Km/h
Condições da estrada
- Uma vista maravilhosa, mas meio cansativa para o cicloturismo devido aos obstáculos.