terça-feira, 31 de maio de 2011

186° Dia – San José – Puerto López – 21/05/2011 – Sábado


Mônica e Françoa no nosso check out no Red Mangrove
     Mais um despertar tranquilo, apesar de termos que acordar cedo para continuarmos nossas pedaladas. Levantamos, arrumamos tudo e fomos montar as bikes antes do café da manhã. Como não tínhamos arrumado o bagageiro dianteiro da minha bike, tivemos que dar um jeito. Pegamos a nossa corda de varal para emergências e “costuramos” todos locais quebrados e/ou com soldas. No final do trabalho, a aparência era horrível, mas acreditamos que vai funcionar. Assim que acabamos, fomos comer. Apreciamos o nosso último desayuno, nos despedimos da Mônica e do Françoa e fomos para a estrada. A descida até a carretera já foi um excelente teste para o bagageiro e ele suportou muito bem.
Vistinha do desayuno
      Nos primeiros quilômetros de pedalada já nos deparamos com uma subida interminável. O calor era muito forte e a subida parecia não ter fim. A cada curva torcíamos para ter boas novas, mas toda expectativa era em vão. Ficamos quase uma hora “destilando” enquanto pedalávamos forte. Depois de muito pedal e suor, chegamos no topo do morro e vimos que nosso dia seria cheio de altos e baixos. A paisagem era repleta de montanhas a beira mar!
     Ficamos um bom tempo encarando as inúmeras curvas e o interminável sobe e desce. Passamos por locais com uma mata densa na beira da estrada e por outros onde tínhamos uma linda vista do mar. Sabíamos que o trajeto de hoje não seria dos maiores, sendo assim não nos preocupamos muito com tempo e velocidade, só ficamos curtindo os momentos. Depois de uma grande subida, avistamos um belo povoado de pescadores. Devido à distância que já havíamos pedalado, deduzimos que era Puerto López.
Puerto López vista da estrada
      Fomos nos aproximando enquanto aproveitávamos uma longa descida. Pudemos confirmar nossa hipótese com as diversas placas de bienvenidos ao longo da estrada. Chegando no centro da cidade, rodamos bastante até achar o Hostal Sol Inn e nos instalarmos. Largamos tudo no quarto, tomamos um banho e já saímos para comer e aproveitar o restinho da tarde.
      Almoçamos num restaurantezinho bem simples, mas com uma comida bem saborosa. Em seguida, já fomos aproveitar a orla. Ficamos surpresos com a infraestrutura de barzinhos e restaurantes na beira mar. Vários bem legais! Como já tínhamos comido, fomos direto para a areia, estendemos a canga e nos deitamos para relaxar um pouco. Até pensamos em entrar no mar, mas a água gelada não estava das melhores. Ficamos ali sentados admirando um pôr-do-sol magnífico bem a nossa frente.
Sem comentários
     Quando escureceu, fomos até o supermercado para comprar gêneros para os nossos futuros desayunos (aproveitando a geladeira que tem no hostal). De volta ao hostel, guardamos nossas compras e demos uma recostada para descansar um pouco. Quando acordamos, fomos jantar num dos restaurantes da beira mar. Após comer, passeamos um pouco e voltamos para o hostel, pois a pedalada de hoje nos cansou bastante, apesar de ter sido curta.
Gastos:
- Hostel: R$25,20 - Almoço: R$7,20 - Supermercado: R$10,87 - Janta: R$13,59
Estatísticas:
- Distância: 38,61 Km - Tempo: 2h29min51” - Média: 15,3Km/h
Condições da estrada:
- Muito boas, pois tinha um bom asfalto, pouco movimento e, em grande parte do trajeto, um bom acostamento.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

185° Dia – San José – 20/05/2011 – Sexta-feira


     Hoje foi mais um dia em que acordamos completamente renovados e com todo o corpo muito descansado. Assim que levantamos, fomos tomar nosso maravilhoso café da manhã. Desayunar com aqueles sons da natureza e aquela vista é algo motivante para encarar o resto do dia. Quando acabamos de comer, voltamos para o quarto para escrevermos e organizarmos tudo sobre Galápagos. Ficar vendo as fotos e lembrando tudo que vivenciamos lá é muito bom!
     Ficamos fazendo tudo isso até o início da tarde. Com a fome se manifestando e o sol ficando um pouco mais fraco, decidimos que já era hora de irmos para Montañita novamente. Sendo assim, nos arrumamos e nos preparamos para encarar mais uma pernadinha pelas montanhas até chegarmos à estrada. Assim que chegamos na “faixa”, o ônibus passou e lá fomos nós.
     Desembarcamos bem no centro de Montañita e começamos a busca por algum lugar para almoçar. Os restaurantes estavam todos lotados e onde havíamos almoçado ontem já não estava mais aberto. Depois de muito caminhar, acabamos achando um restaurantezinho um pouco afastado do centro e bem roots (em Montañita existem muitas pessoas mais alternativas que trabalham com a confecção de bijuterias e muitos artistas de rua).
     Depois de comermos (a comida era bem saborosa), fomos aproveitar a beira da praia. Estendemos nossa canga e nos jogamos na areia. Ficamos um bom tempo relaxando, só conversando e escutando o barulho do mar (apesar da praia estar bem movimentada). Com o passar do tempo a maré foi subindo e tivemos que mudar de lugar as pressas para não molhar todas as nossas coisas.
     Quando começou a cair o sol, percebemos que já estava na nossa hora, pois tínhamos que passar em algum lugar para pegar nossa janta, passar numa lan house e comprar algo para comer durante a pedalada de amanhã. Arrumamos todas as nossas coisas e passamos num restaurante para pegar uma pizza para levar. Após uns 15min, saímos do restaurante com a pizza na mão e fomos até a lan house. Assim que entramos, o cheiro da pizza tomou conta do ambiente, parecia que estávamos numa cozinha italiana..rs.. Fizemos tudo que tínhamos que fazer na internet e fomos numa padaria para pegar uns pães para amanhã e um refri bem gelado para acompanhar a pizza.
     Quando estávamos pagando, o ônibus encostou. Saímos correndo da padaria e gritando para o motorista nos esperar. O escândalo todo valeu a pena e conseguimos embarcar. Quando descemos na entrada para o Red Mangrove, o sol já tinha sumido e a claridade era pouca. Caminhávamos vagarosamente, pois tínhamos certa dificuldade para conseguir enxergar os inúmeros buracos. A parte boa de não ter sol era que o calor não estava tão intenso enquanto “escalávamos” até o nosso spa. Depois de um tempinho caminhando na escuridão, chegamos ao oásis.
     Assim que chegamos, fomos direto para o banho para nos refrescarmos. Bem cheirosos, aproveitamos o tempo para continuar nossos trabalhos burocráticos a respeito de Galápagos. Como eram nossos últimos momentos fora da nossa realidade (não estamos acostumados com tanto conforto e luxo), dedicamos um tempinho para aproveitar um pouco mais do local.
     Mais tarde, jantamos e depois organizamos tudo para sair amanhã cedo. Pretendemos arrumar tudo antes do café da manhã para partirmos logo após o desayuno.
Gastos:
- Almoço: R$14,40 - Janta: R$13,50 - Ônibus: R$2,43 - Internet: R$2,70 - Pão e refri: R$1,80

sábado, 28 de maio de 2011

184° Dia – San José – 19/05/2011 – Quinta-feira


Centrinho de Montañita
     Hoje acordamos cedo, naturalmente. Estávamos muito descansados pois ontem fomos dormir antes das 22h, além disso, a cama que dormimos é a maior e a mais confortável de toda a viagem, e o silêncio e o contato com a natureza transmitem uma paz incrível. Parece que a boa noite de sono recuperou totalmente o estresse e a fadiga dos dois últimos dias.
     Tomamos um bom banho e fomos para o deck onde era servido o café da manhã. Como estamos hospedados gratuitamente no Red Mangrove, não quisemos abusar muito e esperamos eles avisarem sobre o café da manhã. Assim que sentamos na mesa que já estava posta, mais uma surpresa: o desayuno era a la carte e nós poderíamos escolher se queríamos beber chá, café, café com leite ou chocolate quente e se queríamos os nossos ovos fritos ou mexidos. Acho que nunca haviam me perguntado na vida como eu queria os meus ovos no café da manhã! Além disso, serviram suco de fruta, salada de fruta, iogurte natural com geléia e granola, pães recém-saídos do forno, tudo gentilmente servido. A esta altura (como diria o nosso cunhado Sérgio) já estávamos brincando de ricos!
Vista que tínhamos na piscina do Red Mangrove
     Depois do excelente café da manhã, voltamos ao quarto para atualizarmos as postagens que estavam atrasadas de Galápagos e para fazermos alguns reparos nos nossos equipamentos. Quando tudo ficou pronto, arrumamos a nossa bolsa e saímos rumo à trilha que nos levaria até a estrada, onde escolheríamos o nosso destino de hoje. A caminhada foi longa, mas muito mais tranquila que a subida de ontem com as bicicletas. Assim que chegamos na estrada, caminhamos um pouco para a direita a fim de encontrar o centro de San José. Como não havia nada além de residências, pegamos um ônibus que estava passando em direção à Montañita, pois lembramos de termos visto um centrinho comercial ao passarmos por lá ontem.
Nosso humilde "quartinho"
     Por sorte, o ônibus nos deixou na rua principal do centrinho de Montañita. Caminhamos em direção à beira-mar, a cada quadra que passávamos nos surpreendíamos mais com a cidade. As ruas eram tomadas por restaurantes, pousadas, lojas de artesanato e roupas, agências de turismo, minimercados, escolas de surf, havia de tudo. Além disso, a beira da praia era bem estruturada, cheia de barzinhos, limpa e com muitas pessoas (considerando que estávamos em uma quinta-feira de maio!). O Moacir disse que se sentiu no litoral baiano. Ficamos algum tempo admirando o mar, curtindo aquele clima de verão e pegando um sol.
     Logo que começamos a ter fome, fomos procurar um restaurante para almoçarmos. Encontramos um bem bonitinho, com comida caseira e um suco de maracujá bem gelado. Além disso, a dona do estabelecimento (uma senhorinha muito querida que lembrava muito a minha avó) ainda nos ofereceu um bolinho de sobremesa, uma delícia! Comemos demais, para variar, e fomos para a praia lagartear um pouco. Estamos aproveitando esses dias no Red Mangrove para nos recuperarmos da maratona Galápagos-San José.
Vista da sacada do nosso quarto
    Quando o sol começou a baixar, lembramos que teríamos que voltar para o hotel, pois não sabíamos os horários do ônibus que nos levaria até San José e não queríamos fazer a trilha à noite. Passamos em uma padaria para comprarmos pães para o nosso café da noite e em um mercadinho para pegarmos água e suco. Assim que saímos do mercado, o nosso ônibus parou na parada, saímos correndo e conseguimos pegá-lo. Quinze minutos depois já estávamos suando na forte trilha até o SPA.
     Ao chegarmos no Samai Lodge Red Mangrove, tomamos uma ducha e ficamos na piscina até o anoitecer. Foi lindo ver o pôr-do-sol do alto da montanha, com direito a canto dos pássaros e escutar o som do vento. Ao voltarmos para o quarto, tomamos um banho quentinho e caímos na cama. Segundo o Moacir, esta cama chama o sono. Acordamos por volta das 21h30min, a preguiça era tanta que só tivemos tempo de jantar no quarto mesmo e seguirmos dormindo.
Gastos:
- Ônibus: R$2,88 - Almoço: 10,80 - Mercado: R$8,64

sexta-feira, 27 de maio de 2011

183° Dia – Santa Elena – São José – 18/05/2011 – Quarta-feira


    Acordamos realmente demolidos, com dores pelo corpo e as pernas extremamente cansadas! Aproveitamos que a distância não era muita e saímos para tomar o café da manhã e comprarmos algumas coisas que estávamos precisando.  Saímos da cidade em torno das 12h e o corpo parecia relutar e não querer subir na bike. Mais uma vez fomos embalados pela “jacuzzi”...rs...
     Já de início a paisagem foi completamente diferente da de ontem. Trocamos morros ora com uma densa vegetação ora com uma vegetação desértica por um imenso oceano azul. A brisa do mar dava uma amenizada no calor e podíamos pedalar com mais tranquilidade. Não víamos a hora de nos instalarmos e podermos pegar uma praia.
     Pedalamos sem muita pressa durante uns 30Km, quando paramos numa vendinha para comprar uma bebida gelada. Nesta parada, além de nos refrescarmos, descobrimos que faltava somente mais 33Km. A boa notícia fez com que nos motivássemos a pedalar e a encarar aquele calor absurdo que tínhamos pela frente. Passamos por vários povoadinhos, até chegarmos em um com vários restaurantes rústicos na beira da praia. Como sabíamos que o Samai era um pouco isolado, optamos por comer bem no almoço e fazermos somente um café na janta para não termos a obrigatoriedade de sair.
     Paramos num que gostamos da aparência e do menu. Pedimos nossos pratos e fomos dar uma recostada nas redes que o restaurante disponibilizava. Ficamos uns 10min deitados nos embalando enquanto apreciávamos a vista, a sombra e a brisa que vinha do mar. Vimos que temos momentos bem difíceis nesta viagem, mas temos experiências e situações recompensadoras também! Com a chamada do garçom avisando que estava servido, fomos comer. A comida era farta e saborosa (já me entreguei aos costumes locais e até sopa, com este calorão todo, estou tomando). Com a barriga mais cheia do que deveria, voltamos para a rede para fazermos a digestão e esperarmos o sol dar uma baixada.
     Depois de quase pegarmos no sono, vimos que já estava na hora de pedalarmos um pouco mais para não pegarmos noite na estrada de novo. Continuamos nosso caminho e os morros voltaram a aparecer. Passamos por mais alguns povoados e chegamos em Montañita. Sabíamos que estávamos perto e que este era o último povoado “grande”. Compramos algumas porcarias para complementar a nossa janta e voltamos para a estrada. Quase no final da cidadezinha, vimos uma rua bem estruturada e que parecia bem turística, sendo assim, se tornou um ponto para conhecermos durante nossa estadia ali perto.
     Depois de muita lomba e uns 6Km, avistamos a placa indicando São José e começamos procurar a sinalização do Samai. Vimos uma placa mandando dobrar a direita e lá fomos nós numa estradinha que era uma mistura de asfalto e chão batido. Na entrada tinha muitas árvores e algumas casas, mas, de repente, abriu aquele “túnel” e pudemos ver uma lomba gigantesca e muito íngreme. Realmente esta “lombinha” era impossível subir pedalando. Descemos das bikes e, com muito esforço, subimos empurrando as bikes. A motivação que tínhamos era a “jacuzzi” e a bela paisagem que podíamos avistar. Quando chegamos no “topo”, vimos que tinha mais ainda para subir. Batemos numas três casas querendo encontrar o Samai o quanto antes, mas só o encontramos no final da estrada (1Km de muito empurrar as bikes).
     Assim que cheguei e desci da bike, meu bagageiro dianteiro se entregou e se jogou ao chão literalmente (mais uma vez teremos que fazer alguma gambiarra). Fomos super bem recepcionados pela Mônica e pelo Françoa com uma taça de suco natural bem gelado e toalhinhas molhadas com água fria para nos refrescarmos e limparmos o rosto. Já de cara vimos que seríamos muito bem tratados durante nossa estadia. Depois de fazer o check in, nos levaram para o nosso quarto.
     Tivemos um susto quando entramos. O quarto era imenso, com a maior cama que vimos na vida e tinha uma linda vista! Tinha um janelão e uma porta toda envidraçada para a sacada que nos permitia ver um vale todo verde e a beira da praia de Olón (povoado vizinho). Ficamos encantados com o local! Arrumamos nossas coisas e fomos tomar um banho. Como não tinha energia elétrica devido à queda de um poste, o banho foi gelado, mas não tinha problema (pois tínhamos chegado e seriam três dias de descanso para nos recompormos).
     Depois do banho tomamos nosso cafezinho e nos deitamos para descansar. Sem luz, o visual ficava ainda mais lindo. Só podíamos escutar o barulho da natureza, sem buzinas, músicas ou todo aquele ruído da civilização. Com este visual e esta paz, caímos no sono sem perceber.
Gastos:
- Farmácia: R$29,41   - Café da manhã: R$8,10   - Água: R$2,34   - Pão: R$1,08   - Almoço: R$10,80   - Bebidas: R$2,34   - Mercado: R$9,36
Estatísticas:
- Distância: 67Km   - Tempo: 3h58min45”   - Média: 16,6Km/h
Condições da estrada
- Excelente, pois em quase todo o trajeto existia um largo acostamento com um asfalto em muito boas condições.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

182° Dia – Guayaquil – Santa Elena – 17/05/2011 – Terça-feira


     Pretendíamos acordar cedo, mas ontem fomos dormir tarde e hoje pela manhã estávamos imprestáveis. Saímos da cama já eram 10h, tomamos nosso café e arrumamos tudo. Saímos do hotel lá pelas 11h30min em direção ao litoral. A parte urbana até que foi mais fácil e tranquila do que imaginávamos. Quando chegamos na estrada, encontramos um excelente acostamento, bem largo e com um asfalto bem lisinho. Mas como nem tudo são flores, já de cara nos deparamos com um sobe e desce constante e um sol escaldante! O calor era muito intenso, suávamos muito o tempo todo.
     Depois de pedalar uns 25Km, paramos num posto para pegar algo gelado para beber. Como não sabíamos ao certo a distância até Zapotal, perguntamos para um frentista e a resposta não foi muito animadora: mais uns 60Km! Sabíamos que o retorno ao pedal seria difícil (pois ficamos 13 dias sem pedalar), mas não imaginávamos que seria tanto. Um pouco refrescados devido às bebidas, voltamos para a estrada.
     O constante sobe e desce não diminuía em momento algum. Lembrávamos a todo instante os nossos momentos mais difíceis do litoral chileno. A única coisa que nos motivava em pedalar era saber que amanhã chegaremos ao Samai Lodge da rede Red Mangrove e teremos muito conforto (piscina e jacuzzi!). Só pensando na jacuzzi, baixamos a cabeça e continuamos pedalando a tarde toda naquele calor absurdo.
     Passamos por alguns hotéis fazenda que eram show de bola, mas se parássemos por ali hoje seriam MUITOS quilômetros para amanhã. Cada vez ficávamos mais cansados e com mais dores em diversas partes do corpo. Exaustos, chegamos em Buenos Aires (povoado pequeno bem próximo a Zapotal). Neste povoadinho paramos para beber algo gelado mais uma vez e aproveitamos para perguntar para um policial se havia hostel, hosteria ou algum lugar para passarmos a noite ali mesmo ou em Zapotal. Ele nos disse que ali não tinha nada, mas em Zapotal com certeza tinha e que ficava bem próximo, uns 15min de bike.
     Animados por tomar algo gelado e com a notícia de que faltava pouco para tomarmos um banho e descansarmos, voltamos para a estrada. Neste momento o sol já estava se pondo e a estrada nos deu um alívio e ficou plana. Dentro da previsão do policial, chegamos em Zapotal. A “cidade” era somente uma rua com casas dos dois lados. Passamos em quase todos botecos perguntando se sabia se tinha onde dormir, mas todas respostas foram negativas. Desesperados, passamos na polícia e quase perguntamos na igreja se poderíamos acampar nos fundos, mas decidimos entregar a alma e ir pedalando até Santa Elena. Vale ressaltar que todos na cidade eram muito desconfiados e alguns realmente mal educados, as pessoas pareciam ter medo de conversar!
     Voltando para a estrada, vimos uma lua cheia gigante aparecer no horizonte. A iluminação que ela provocou foi incrível, parecia estar mais claro do que no cair da noite. Pedalamos sob a luz da lua durante uma hora e meia até pararmos para comer num posto de gasolina. Entramos no mercadinho, fizemos nossas compras e sentamos para comer e ver um capítulo dos Simpsons que estava passando na televisão. Enquanto comíamos, notamos uma movimentação estranha das funcionárias. Começaram desligando o ar condicionado, em seguida a televisão e depois as luzes. Com as chaves na mão, vieram nos avisar que estavam fechando. Um pouco revoltados por não esperarem 5min para acabarmos de comer, fizemos um pouco de corpo mole, mas saímos do local (quem fecha um mercado exatamente 20h50min?). Acabamos nossa “refeição”, perguntamos para um frentista quanto faltava (segundo ele 4Km) e voltamos para a estrada. Felizes por saber que faltava pouco, encaramos as últimas subidas do dia.
     Pedalamos, pedalamos e pedalamos, até o momento que tivemos a certeza de que não faltavam 4Km porcaria nenhuma (na verdade ainda andamos 17Km depois do posto). Quando avistamos as luzes da cidade ficamos bem contentes por saber que, agora sim, faltava pouco. Estávamos tão cansados que nem queríamos encontrar uma cidade grande para não ter que rodar muito para encontrar algum hotel. Chegando na cidade, vimos uma entrada bem organizadinha e, o que é melhor, um hotel logo de cara! Paramos para perguntar mas era meio caro. Para nossa sorte, eles tinham uma filial na outra quadra que era mais econômico. Fomos até lá, vimos que o quarto era bonzinho e já nos instalamos. Melhor ainda é que vimos que era numa praça e que tinham restaurantes ainda abertos. Tomamos um bom banho e saímos para jantar. Acabamos comendo um pollo a la brasa enquanto conversávamos sobre o bom e puxado retorno ao pedal.
     Voltando ao hotel, percebemos que faltavam apenas uns 70Km para chegarmos no Red Mangrove e termos três dias de muito conforto e regalias!
Gastos:
- Hostal: R$25,20   - Janta: R$10,35   - Bebidas: R$8,00
Estatísticas:
- Distância: 131,98Km   - Tempo: 7h42min23”   - Média: 17Km/h
Condições da estrada:
- Excelente, pois em quase todo o trajeto existia um largo acostamento com um asfalto em muito boas condições.

181° Dia – Galápagos (Santa Cruz) – Guayaquil – 16/05/2011 – Segunda-feira

     Acordamos parecidos com o gurizinho protagonista do filme da formiguinha (quem não conhece pode ver em (http://www.youtube.com/watch?v=6VQSQDaApGw), só pensando “Que dó, que dó, QUE DÓ!!!” por ter que deixar este paraíso. Como não adianta chorar que o tempo não vai parar, levantamos e fomos ver onde seria o nosso café da manhã. Depois de uma confusão, a mulher com quem tínhamos acertado a nossa hospedagem nos levou até um restaurante próximo e disse para nos servirem dois desayunos. Surpreendentemente, veio um café completo e bem saboroso, com  suco natural, café com leite, pães e chimia. De barriga cheia, fomos acabar de arrumar as nossas coisas para partir.
     Com tudo pronto, saímos do hotel e pegamos um táxi até o terminal de onde sai o ônibus até o aeroporto. Chegando próximo ao terminal, o taxista nos avisou que o último ônibus já tinha saído às 8h30min e que a única maneira de ir até a balsa que faz a travessia até Baltra (ilha onde fica o aeroporto) seria de táxi. Com um pé atrás, pedi para ele parar para confirmar a informação. Infelizmente dei de cara com um cartaz que dizia que o último ônibus era às 8h30min (não sei porque as pessoas para as quais perguntamos sobre o ônibus não nos avisaram do horário, todos disseram que era tranquilo, só chegar) e já era umas 9h30min. Sendo assim, tivemos que marchar com U$15 de táxi até o outro lado da ilha.

     Foram uns 45min e uns 40Km de muito sobe e desce. Pudemos ter uma vista de quase toda a ilha em momentos em que estávamos na parte próxima aos vulcões. Era muito verde para todos os lados e um azul celeste radiante do oceano. Chegamos ao canal entre as ilhas e já estava saindo uma das balças. Demos uma corridinha para poder pegar e chegar com tranquilidade ao aeroporto. A travessia é curta, bem tranquila e pudemos ficar observando, mais uma vez, a imensa beleza daquele oceano.
     Chegamos em Baltra depois de uns 15min e, assim que pegamos nossas bagagens, vimos dois ônibus se aproximando para levar o pessoal para o aeroporto (estes ônibus são fornecidos gratuitamente pelas empresas aéreas). Foram mais uns 10min e lá estávamos nós no nosso último destino da nossa passagem pelo arquipélago de Galápagos. Descemos do ônibus e vimos um pequeno aeroporto e várias tendinhas de artesanias (quando vimos isso, sabíamos que seria ali que compraríamos as nossas lembrancinhas). Fomos direto fazer o check in para despachar nossos dois alforges e ficarmos livres daquele peso.
     Aliviados, fomos bater perna e pechinchar nas tendinhas. Primeiro passamos por todas vendo o que gostávamos e pesquisando preço. Numa segunda passada, compramos um jogo de baralho com os animais característicos da região, alguns martelinhos e um bordado para colar no capacete. Tinha alguns trabalhos de madeira incríveis, mas o preço era astronômico e a arte terá que ficar só na memória mesmo.
     Aproximando-se da hora do nosso embarque, retornamos ao aeroporto (pois não queríamos ser chamados pelo nome novamente). Antes de irmos para a fila, fomos tomar algo gelado, pois o calor estava sufocante. Logo em seguida, deram o primeiro chamado para o nosso voo. Saímos da área de alimentação e fomos para a área de embarque. A fila estava imensa e um pouco confusa, pois as filas são separadas por companhia aérea mas ninguém avisa isso e grande parte das pessoas entram na fila errada.
     Já na sala de embarque, pudemos ver a aterrissagem de dois voos e a vontade de estar chegando voltou! Queríamos muito ser aquelas pessoas que passariam seus 3, 4, 5, 8 dias naquele paraíso. Mas sabíamos que tínhamos que voltar a Guayaquil e que aproveitamos muito bem o tempo que ficamos por ali. Pouco tempo depois, já chamaram o nosso voo para embarque e lá fomos nós.
     Mais um voo tranquilo e com excelente refeição. Depois de 2h estávamos tocando o solo de Guayaquil. Pegamos nossos alforges e fomos encarar a realidade da cidade grande outra vez. Já na saída do aeroporto pudemos notar a presença daquele barulho característico de um trânsito caótico. Pegamos um ônibus até o centro e caminhamos algumas quadras até chegar no nosso hotel. No caminho, aproveitamos que estávamos passando por uma loja de fotografia e deixamos as máquinas descartáveis para revelar.
     Seguimos rapidamente para o hotel, pois ainda tínhamos que mandar consertar o netbook. Largamos tudo no hotel (por sorte todas as nossas coisas que havíamos deixado lá estavam no mesmo lugar, sem problema algum), tomamos um banho gelado e saímos novamente. Passamos em três locais até achar um que poderia arrumar o netbook ainda para hoje. Deixamos o computador lá e já fomos para o supermercado para comprar algo para amanhã. Levamos as compras o hotel e já saímos para buscar as fotos e o computador. Com tudo em mãos, passamos numa lan house para passar as fotos do CD (fizemos só a revelação digital, sem impressão de fotos) para o pen drive, pois o netbook não tem leitor de CD. Estávamos ansiosos para ver as fotos! Fomos abrindo uma a uma e ficamos satisfeitos com o resultado, pois sabíamos que tirar foto com máquina de filme enquanto se mergulha não era um trabalho fácil. No final, umas 10 fotos ficaram como queríamos que ficasse na hora em que batemos e serão uma boa lembrança dos momentos aquáticos de Galápagos.
     Depois disto, fomos jantar no KFC. A Cris estava sedenta por uma hamburguesa de pollo e eu por um arroz com menestra (lentilha) e una presa (um pedaço de frango frito). Comemos bem e ainda pegamos um sorvetinho para arrematar. Chegando de volta ao hotel, tomamos mais um banho para poder aguentar o calor sufocante de Guayaquil e fomos dormir, pois amanhã teremos o nosso retorno à bicicleta e pretendemos chegar em Zapotal.
Obs.: Com a revelação das fotos, acreditamos que comprar uma máquina fotográfica digital a prova d'água seja de melhor proporção custo X benefício do que estas descartáveis. Gastamos cerca de R$55,00 para ter umas 10-15 fotos boas, enquanto uma máquina digital custa em torno de R$390 e pode-se tirar inúmeras fotos até que fique do seu gosto.

Gastos:
- Hotel: R$34,20   - Janta: R$11,39   - Taxi: R$27,00   - Translado aeroporto: R$2,88   - Ônibus: R$0,90   - Artesanias: R$37,80   - Bebidas: R$3,78   - Conserto netbook: R$90,00   - Revelação das máquinas descartáveis: R$20,52

quarta-feira, 25 de maio de 2011

180° Dia – Galápagos (Santa Cruz) – 15/05/2011 – Domingo


     Hoje o dia começou com cara de despedida, tomamos café da manhã somente com as duas senhorinhas do grupo pois o resto do pessoal estava arrumando as malas para voltar para Quito. Após o café, fomos pesquisar os preços dos hotéis para ver se iríamos trocar de hospedagem ou continuar na mesmo. Encontramos um hotel bom e barato na rua principal de Santa Cruz. O Moacir deu mais uma chorada e a dona do hotel ainda incluiu o “desayuno” na nossa tarifa econômica.
     Desta maneira, voltamos para hospedagem em que estávamos, arrumamos tudo e nos transferimos para o hotel. Após largarmos nossas bagagens, fomos para o ponto de encontro marcado pelo Wilson onde alguns do grupo iriam pegar o translado de volta e outros (incluindo nós) iriam fazer o passeio para a praia Tortuga Bay. Assim que chegamos no local ficamos surpresos, pois o pessoal do translado já havia partido e nem tivemos tempo de nos despedirmos.
    Sendo assim, seguimos com o restante do grupo até a trilha que nos levaria até a praia. Durante o percurso, conversamos bastante com a Camila, uma francesa muito divertida que está fazendo voluntariado em Galápagos como parte de seu estudo na faculdade de turismo. O caminho de ida passou muito rápido, quando menos esperávamos nos encontramos com uma praia enorme, com uma ampla faixa de areia e um mar azul, mas com muitas ondas. O nosso guia Wilson sugeriu que continuássemos até a praia de mar calmo, pois nesta primeira havia muita corrente e o mar se tornava perigoso.
     Caminhamos mais uns dez minutos entre os manguezais e as iguanas marinhas até chegarmos na praia calma. Valeu a pena a pernada! A água era azul celeste e sem nenhuma onda, parecia uma piscina. Escolhemos um local embaixo de uma árvore, acomodamos as nossas mochilas e fomos para o mar. Estava uma delícia! Eu voltei para a areia e o Moacir aproveitou para dar uma nadada. Ficamos umas três horas curtindo o mar, o visual da praia e um certo saudosismo por ser o nosso último dia em Galápagos. O guia e a francesa se despediram e foram embora, pois teriam que fazer o translado de volta a San Cristobal. Nosso pacote turístico havia chegado ao fim, oficialmente. Quando a fome começou a nos vencer, também pegamos a trilha e voltamos para o hotel.
     Chegamos no hotel suados e cansados, tomamos um bom banho e fomos almoçar em um restaurantezinho que o guia havia indicado ontem. Depois de comer, a preguiça aumentou e tivemos vontade de voltarmos para o hotel e dormirmos. Tivemos que pensar muito até chegarmos a conclusão de que deveríamos aproveitar o nosso último dia no paraíso e deixarmos para descansar quando chegássemos no SPA Red Mangrove (estadia que conseguimos gratuitamente no litoral equatoriano).
     Desta maneira, passamos no hotel para pegarmos as nossas roupas de banho e fomos até o cais para pegarmos o táxi aquático que nos levaria até o pier que dava início à trilha das Grietas. Chegando no pier, vimos que a trilha era de menos de 1Km e nos animamos para chegarmos logo. No caminho, encontramos o Wilson e a Camila voltando da trilha, perguntamos o que havia acontecido e eles nos contaram que haviam perdido o translado de retorno. Conversamos uns minutos, eles nos disseram que valia muito a pena o passeio, debocharam por estarmos fazendo mais uma trilha de havaianas e se despediram. Seguimos a trilha e a cada passo que dávamos, escutávamos mais e mais gritos de crianças.
     Ao chegarmos nas Grietas, nos impressionamos com o tamanho das pedras que formavam aquele canal, parecia um cânion com água do mar bem calminha e transparente. Havia um grupo de escolares fazendo a festa naquele “parque de diversões”, saltavam das pedras, faziam snorkel, escalavam as rochas, uma loucura. Entramos na água e ela estava gelada mas agradável depois do primeiro choque. Ficamos um tempo nadando e aproveitando o local, quando o Moacir foi saltar de cima das rochas, eu saí para pegar a máquina fotográfica para registrar o momento. Ele escalou as rochas e ficou conversando com um menino até esvaziar um pouco o local dos saltos. Depois de muitos registros fotográficos, ele saltou. Quando ele caiu, escutei um barulho muito forte e me assustei. Só me acalmei quando vi ele voltando rindo na minha direção. Assim que ele saiu da água, entendi o porquê do barulho: ele havia caído de braços abertos na água e os seus antebraços estavam muito vermelhos do choque. Ficamos mais alguns minutos admirando o local e, quando começou a escurecer, voltamos para Santa Cruz.
     Depois do banho, deitamos um pouco para descansarmos. Por volta das 21h, acordamos e saímos para jantar. Caminhamos por todo o centro e acabamos parando no mesmo restaurante, pois a maioria fecha no domingo. Depois de comermos, vimos algumas lojinhas de artesanato e eu acabei comprando a minha lembrancinha de Galápagos: uma tartaruguinha de pelúcia com os olhinhos parecidos com os do gatinho do Shreck. Em seguida, voltamos para o hotel, preparamos tudo para a nossa partida de amanhã e fomos dormir.
Gastos:
- Hotel: R$54,00   - Tartaruguinha: R$5,40   - Água: R$0,90   - Táxi aquático: R$4,32   - Almoço: R$35,25   - Janta: R$23,00