domingo, 30 de janeiro de 2011

73° Dia – Antofagasta – San Pedro de Atacama - 28/01/11 – Sexta-feira

     Acordamos às 5h da madrugada para nos prepararmos para pegar o ônibus das 6h55min rumo à San Pedro de Atacama. Estávamos muito cansados, visto que o dia de ontem foi cheio de atividades e acabamos dormindo tarde. Montamos as bikes e saímos na direção da rodoviária. Era noite e não sabíamos exatamente o caminho. Depois de pedalar uns 5Km, paramos em um posto para perguntar e o frentista nos indicou que pedalássemos mais uns 800m. Estramos ter que pedalar tanto, pois não nos lembrávamos de perder todo este tempo na chegada. Decidimos parar e perguntar novamente, felizmente encontramos um ciclista que nos levou até o local (800m antes de onde estávamos). Indignados com o frentista, mas felizes por encontrar o caminho, chegamos à rodoviária e nos dirigimos imediatamente ao guichê de passagens.
     O Moacir perguntou para a atendente se era possível levar bicicletas no ônibus, enquanto ela respondia negativamente para ele, o motorista interrompeu e disse que não haveria problema, mas que teríamos que pagar carga extra (leia-se propina - o que nesse momento não nos incomodava, sendo que só queríamos mesmo era embarcar). Desequipamos as bikes e entramos no ônibus.
     A viagem durou 4h. Na maior parte do tempo vimos filmes e dormimos, pois a paisagem não variava muito. Quando estávamos a uns 5Km da cidade, fomos surpreendidos por um cenário completamente diferente de tudo que havíamos visto até então no Chile. Os cerros deixam de ser arredondados e dão espaço para montanhas cheias de pontas e ranhuras, o deserto se mistura com verdadeiros oásis e áreas de salar (terreno coberto por sal) e a temperatura aumenta consideravelmente (aproximadamente 35º no sol). Ficamos encantados com tanta beleza.
     Descemos do ônibus e tratamos de encontra a sede da Hosteling International para procuramos estadia. Ao chegarmos no hostel, fomos informados que este estava lotado, sendo assim, pedimos indicação de algum outro local. A recepcionista nos indicou o hostel Florida, um local simples mas bonitinho e barato, nos dirigimos para ele e nos instalamos.
     Estávamos exaustos, mas a empolgação com o cenário novo que se abria à nossa frente nos motivou a passear pelo povoado e, em seguida, partir para um passeio rumo à Laguna Cejar (pedalando, óbvio). Segundo informações dos guias, esta laguna é sete vezes mais salgada que o mar. Devido a isso, a imersão se torna impossível, ou seja, mesmo querendo afundar, a água te empurra para cima. Tínhamos que ver isso, portanto, pegamos informações com uns locais e fomos para a estrada.
      O caminho não era tão simples como haviam nos informado, depois de 28Km pedalados na estrada, nos deparamos com um trecho de aproximadamente 5Km de chão batido, seguido de 2Km de areia solta, resumindo, tivemos que descer e “arrastar” as bikes. Depois de uma hora e meia de cansaço, brigas e estresse, chegamos à famosa laguna. Pagamos as entradas do parque e nos dirigimos à laguna. O solo ao redor da mesma era muito duro e cheio de pontas duras, uma mistura de sal e areia que deixava o terreno ainda mais exótico.
      O Moacir entrou e percebeu que a saída da água seria muito difícil, pois a borda da laguna era coberta por mínimos cristais de sal que pareciam lâminas de cristal. Mesmo assim eu entrei, não antes de deixar o meu vestido na borda da laguna para que pudéssemos subir sem nos machucarmos muito.
     A água era quente embaixo e fresquinha em cima. Ficávamos em pé e nossos pés ficavam incrivelmente quentes, mas parecia que a água não se misturava. Depois de boiarmos por uns 15min, decidimos sair, pois já estava anoitecendo. Mesmo com o vestido embaixo, cortamos nossas mãos e pés durante a saída. Nos vestimos e fomos tomar uma ducha, pois nossos corpos estavam brancos de tanto sal.
     Ao nos aproximarmos do quiosque da administração, avistamos uma outra laguna ao lado da que havíamos entrado. Segundos depois, o guarda-parque correu ao nosso encontro e perguntou se havíamos nos banhado na laguna em que entramos. Respondemos positivamente e perguntamos se havia outro meio de sair da mesma. Ele nos respondeu que haviam duas lagunas: uma própria para banho e outra imprópria, e que havíamos entrado na imprópria. E ainda, que esta era imprópria justamente por conter cristais de sal que cortavam a pele. Depois de já ter entrado na laguna, só nos restava rir da situação e lavar bem os cortes.
     Assim que nos duchamos, lembramos do triste caminho que teríamos que percorrer até o hostel. E o pior, a noite seria a nossa companheira! Foi aí que o Moacir resolveu usar toda a sua cara-de-pau e pedir carona para o guarda-parque até a estrada. Enquanto ele via se podia nos liberar a carona, fomos conhecer a laguna própria para banho e ficamos felizes por ter entrado na outra, pois esta era rasa e um pouco suja.
      Assim que voltamos, o guarda-parque nos chamou para colocarmos as bikes (e os nossos corpos) na caçamba da camionete. Nos levaram até 7Km antes da entrada da cidade, agradecemos muito e nos despedimos. Chegamos exaustos no hostel, tomamos banho, entramos no msn para darmos notícias e comemos uma pizza com vinho. Agora estamos indo dormir, pois o cansaço já nos venceu e amanhã tem mais!
Gastos:
- Hostel: R$64,00   - Entrada Laguna Cejar: R$16,00   - Pizza: R$22,00   - Ônibus: R$76,80   - Excesso bagagem: R$24,00   - Almoço: R$29,50   - Café na rodoviária: R$3,60

sábado, 29 de janeiro de 2011

72° Dia – Antofagasta – 27/01/11 – Quinta-feira

      Acordamos às 9h e fomos tomar café. Após desayunarmos, voltamos para o quarto e aproveitamos a wifi para atualizar o blog e ficarmos informados osbre o que esta acontecendo no Brasil. Ao meio-dia levantamos e fomos dar um pulo na praia.
      Achávamos que a praia era perto, mas tivemos que dar uma bela pernada para chegarmos. No caminho, passamos no supermercado para pegar uma garrafa de água, uma de suco, duas empanadas de pollo e um quiche de espinaca para o nosso lanchinho até a praia. Esta praia é um pouco diferente das demais, por ter uma barreira de pedras (feita pelo homem) que praticamente transforma a praia numa piscina com marolas. O sol estava escaldante e, assim que chegamos na praia, procuramos uma sombra. Acabamos sentando em baixo de uma palmeira numa escadaria que da acesso à praia. Ficamos ali conversando e curtindo a praia. Depois de um tempo, arrisquei-me num banho de mar. A água é limpa (mas não muito, devido ser próxima ao porto) e não tão fria quanto a das praias mais ao sul, sendo parecida com as do litoral de Santa Catarina.
      A fome começou a dar o ar da graça, então fomos almoçar. Não queríamos sair da praia, então a opção que nos restou foi comer uns completos num barzinho do calçadão. Após comer demos uma caminhada pela orla. Quase participamos de um concurso de Rei e Rainha de Antofagasta, mas resolvemos dar uma chance aos locais...hehe...
      Voltando ao hotel, passamos no supermercado para fazer as compras para nos prepararmos para San Pedro de Atacama, pois dizem que a estrutura é meio precária e tudo muito caro. O supermercado fica num shopping. A Cris queria um sorvete e enquanto procurávamos uma sorveteria vimos que o shopping tinha uma área externa que ficava a beira mar e tinha um vista de quase toda cidade (muito legal!). Pegamos o sorvete e ficamos admirando a vista e o mar. Em seguida fomos ao super. Enquanto comprávamos, percebemos que estava silencioso demais e, depois de uns 15min pegando o que precisávamos, soubemos que estava sem energia elétrica (apenas as luzes de emergência estavam funcionando), ou seja, as caixas não estavam funcionando. Perguntamos onde tinha algum outro supermercado e, para nossa sorte, havia um próximo ao nosso hotel.
     Sendo assim, fomos ao outro supermercado que o segurança nos indicou. Ao entrarmos, vimos que, diferentemente do que estamos acostumados, o supermercado era um prédio com quatro andares. Depois de muito rodar, achamos tudo que queríamos e fomos para o hotel fazer nossa janta.
     Chegando no quarto, a Cris foi tomar banho e eu comecei a fazer um arroz com galinha. Comemos, atualizamos o blog e arrumamos tudo para amanhã acordarmos às 5h30min e irmos para rodoviária pegar um ônibus até San Pedro de Atacama (decidimos fazer este percurso de ônibus, pois teremos que voltar por ele para irmos para as praias do norte).
Gastos:
- Hotel: R$80,00 - Super: R$14,00 - Almoço: R$6,00 - Sorvete: R$4,00 - Super: R$85,65

71° Dia – Vallenar – Antofagasta – 26/01/11 – Quarta-feira

     Dormimos muito bem durante a noite. Estávamos precisando recarregar as energias sem mosquitos...hehe... Acordei às 8h para ir na rodoviária ver os horários dos ônibus para Antofagasta, enquanto a Cris ficava descansando um pouco mais na nossa habitacion.
     Depois de ter que perguntar algumas vezes pelo caminho, finalmente cheguei na “rodoviária”. Foi estranho ver que existem diversos terminais, sendo que as duas principais empresas possuem terminais próprios. Depois de pesquisar um pouco, achei um ônibus que sairia 9h55min e que poderia levar as bikes (os demais não deixam, sendo necessário enviá-las por encomenda e, além de ter que esperar alguns dias para recebê-las, ainda ter que pagar caro por isso).
     Como já era 8h40min, voltei correndo para o residencial para acordar a Cris e arrumarmos nossas coisas, tomarmos café e irmos para rodoviária. A Cris acordou meio assustada e achando que era brincadeira minha, mas assim que notou que estava falando sério arrumou tudo rapidinho. Conseguimos tomar um café correndo e nos mandamos para rodoviária. Chegamos em cima do laço (9h45min), mas deu tempo! Falamos com o auxiliar do motorista e este disse que poderíamos levar as bikes, mas teríamos que pagar 6.000 pesos (R$24,00) de excesso de bagagem (muito melhor que os R$140,00 se enviássemos por encomenda).
     Sendo assim, embarcamos no ônibus rumo à Antofagasta. Como saímos correndo, não deu tempo de pegar nada para comer e beber. Assim que parou em Copiapó, a Cris desceu e foi correndo comprar e eu fui dar uma verificada nas bikes. A viagem continuou e rapidamente avistávamos o mar. Não existem muitas praias por aqui, sendo que a maioria da costa é de penhascos. O balanço do ônibus foi como uma canção de ninar para mim e capotei, enquanto a Cris observava tudo atentamente pela janela.
      Em certo momento da viagem nos deparamos com o nada! Não existia nada em lugar algum! Era morro, pedra, areia e tempestades de areia para todos os lados. Sendo assim, o ônibus não tinha onde parar, ou seja, foram 770Km de viagem com uma parada somente (aos 150Km de viagem). A nossa sorte foi ter arrumado tudo rapidamente no residencial e ter dado tempo de tomarmos café e de a Cris ter conseguido comprar algumas coisas, senão seriam 9h só com um pacotinho micro de bolachas e um mini suco que recebemos da empresa.
      Chegando em Antofagasta, nos deparamos com uma grande cidade, bem desenvolvida e que nos causou uma empatia muito grande. Assim que descemos na rodoviária, montamos as e nos dirigimos a um bairro que havíamos passado e que tinha uma bela praia. Buscamos onde ficar e achamos um hotelzinho bem no centro.
      Depois de nos instalarmos fomos jantar, pois estávamos vesgos de fome (foi o dia todo comendo porcaria)! Caminhamos um pouco pelo centro e paramos num dos poucos restaurantes que estavam abertos. Assim que terminamos de comer, voltamos ao hotel para descansar, pois amanhã pretendemos conhecer a cidade e já temos que nos preparar para ir para San Pedro de Atacama. Antes de deitarmos, deu uma sede e não tínhamos nada para beber. Lembrei-me que tínhamos o purificador de água (o purificador é uma canudo que filtra a água) que ainda não havíamos utilizado. Sendo assim, fomos testá-lo! No início ele deixa um gosto meio estranho de produto químico, mas depois de algumas vezes ele parece funcionar muito bem.
      Durante nossa viagem de hoje, vimos que fizemos a escolha certa em ter vindo de ônibus. No início, a estrada estava em obras e aparentava que seria muito ruim pedalar por ali. Do meio para o final do caminho (uns 400Km), quase não existia suporte na beira da estrada (sem vendinhas, vilarejos, povoados). Seria extremamente difícil pedalar nestas condições (sem falar nas condições climáticas), além de se tornar perigoso.
Gastos:
- Hotel: R$80,00 - Janta: R$49,30 - Passagem: R$144,00 - Excesso de bagagem: R$24,00 - Refri, água e guloseimas: R$12,00

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

70° Dia - Ruta 5 - Vallenar - 25/01/11 - Terça-feira

     Ontem à noite (e durante a madrugada) foi mais uma batalha contra os mosquitos. Pelo menos o efetivo deles diminuiu e conseguimos dormir um pouco melhor. Acordei (Moacir) às 5h, mas ainda parecia estar longe de amanhecer. Sendo assim, voltei para a cama e coloquei o despertador para às 7h. Assim que tocou, notamos que havia claridade e começamos nossos preparativos para mais um dia de muuuuito pedal! Podemos dizer que o trajeto de hoje foi para testar o físico e o psicológico.
      Logo no início do dia ainda pegamos um plano, mas assim que completamos uns 6Km tudo mudo: fazíamos muita força para manter 14Km/h. O terreno parecia plano, mas era uma subida pouco íngrime. O vento estava meio contra, meio de lado, e assim que entramos na Província de Atacama, o asfalto ficou muito ruim.
      Pedalamos nessas condições durante 40Km, pois a partir deste momento começou mais uma daquelas subidas absurdas. Durante 7Km, subimos os cerros para passarmos para outro vale. Assim que começamos a descer, paramos num restaurante na beira da estrada (havíamos pedalado 48Km e ja era 14h30min). No restaurante não tinha nada para comer, então pegamos uma pepsi gelada e dá-lhe bolacha, mariola e sanduíche que havíamos preparado.
      Nesta altura do dia, já estávamos muito cansados e pensando seriamente em parar no próximo povoado que ficava 20km a frente. Para tentar nos situar melhor, perguntamos para um homem sobre o relevo até Vallenar. Para nossa felicidade extrema, ele disse que ia "bajando" o tempo todo, só teríamos mais uma subida pela frente.
      Com um sorriso meio cabreiro no rosto (muitas vezes já nos deram informações inverídicas) continuamos nosso caminho. Ficamos felizes em quase não precisar pedalar para percorrer os 20Km até o próximo vilarejo. Assim que chegamos, paramos em outro restaurante para comermos algo, pois estávamos com muita fome e sede. Pegamos um "churrasco com palta" (pão, carne, abacate, tomate e maionese) e um "ave solo" (pão, frango, tomate e maionese) acompanhados de 1,5L de água bem gelada e de 1,6L de suco de pêssego. Assim que acabamos nosso almoço, descansamos um pouco e seguimos viagem (ainda faltavam 50Km).
      Saindo do vilarejo, ainda descemos um pouco mais, mas em seguida começamos uma longa subida. Torcíamos para que fosse a tal subida que o homem havia nos dito (e não é que era mesmo?!). Depois que chegamos no topo, foram uns 35Km de descida pouco íngrime até vallenar. Ríamos e conversávamos muito neste trajeto, extravazando toda a felicidade de estarmos completando os 120Km do dia, apesar do início desanimador e extremamente difícil.
      Chegando na cidade, começamos nossa busca por onde ficar. Acabamos ficando num residencial bem agradável. Iríamos sair para jantar, mas o cansaço falou mais alto. Acreditamos que hoje foi o dia em que ficamos mais tempo pedalando até agora. Então a Cris ficou cozinhando uma massa, enquanto fui buscar meio pollo assado e algumas bebidas geladas. Após comer, ficamos um tempo deitados vendo televisão e conversando, em seguida fomos dormir.
Obs.: Durante o dia de hoje passamos muito tempo pensando sobre os próximos dias. A estrada tem ficado cada vez mais desértica. Além disso, uns ciclistas locais nos disseram que não há nada de povoados durante longos trechos. Ou seja, não há onde parar para descansar e comprar água e comida. E ainda, estamos um pouco "atrasados" em relação ao cronograma e quanto mais dias demorarmos, mais despesas teremos. Juntando tudo isso, decidimos pegar um ônibus de Vallenar até Antofagasta. Para ratificar nossa posição (para não dizer um sinal), assim que chegamos em Vallenar vimos uma placa que indicava rodovia em obras nos próximos 120Km.
Gastos:
- Almoço: R$25,60    - Bebidas: R$9,60   - Bebidas e sorvete: R$4,20   - Residencial: R$88,00   - Janta: R$18,00
Estatísticas:
- Distância: 123,79Km   - Tempo: 8h14min22"   - Média: 15,62Km/h
Condições da estrada:
- Ruins, asfalto muito irregular.

69° Dia – Ruta 5 – 24/01/2011 – Segunda-feira

      Hoje iríamos fazer um percurso de uns 80Km até um povoado que vimos no Google Maps, mas quando o despertador tocou, às 8h da manhã, não tinha vontade alguma de levantar (Moacir). Na noite passada fomos deitar tarde e, durante boa parte da madrugada, tivemos que levantar para matar os mosquitos que nos atacavam de bando de tempos em tempos.
     Saímos da cama só às 10h. Ficamos um bom tempo pensando se valiza a pena arriscar e ir até o vilarejo (sendo que, se não houvesse hospedagem no vilarejo, teríamos que pedalar mais 40Km até a próxima cidade) ou se seria melhor ficar na pousada e ir amanhã até Vallenar (120Km). Decidimos por ficar e garantir mais um dia em boas instalações para nos preparamos. Desta maneira, fui ao restaurante para pegar um leite quente para tomarmos o nosso café da manhã.
     Sendo assim, passamos o dia arrumando, costurando, digitando, relatando, e tantos outros “andos”. Às 19h fomos jantar e aproveitamos para pegar água e mais sanduíches para amanhã. Agora estamos finalizando as arrumações para acordarmos às 5h e saímos junto com o raiar do sol, pois amanhã teremos um dia cheio de cerros.
Gastos:
- Pousada: R$60,00 -Café da manhã de amanhã: 15,00 - Janta: R$24,60 - Água: R$8,00 - Leite quente: R$2,00

68° Dia – Punta de Choros – Ruta 5 – 23/01/11 – Domingo

     Hoje acordamos cedo (ou melhor, o Moacir acordou, já que não consegui dormir devido aos barulhos do camping), pois havíamos programado um mergulho na Ilha Damas pela parte da manhã. Como nossa comida havia acabado, passamos num mercadinho, no caminho até a agência de mergulho, e pegamos dois bolinhos e duas empanadas para o “desayuno”.
     Chegamos na agência com a sensação de que havíamos comido demais, mas não imaginávamos que isso me traria consequências. A ida para o local do mergulho (um antigo naufrágio) foi bem tranquila, estávamos apreciando os pássaros, a paisagem e um golfinho que apareceu rapidamente para nos prestigiar.
     Ao parar no ponto determinado no ponto para a descida, comecei a me sentir enjoada. Enquanto eles montavam o equipamento, resolvi deitar com a cabeça para baixo. Pensava que melhoraria, mas não obtive muito resultado, só me sentindo um pouco melhor enquanto estava deitada. Desta maneira, assim fiquei.
     Eles desceram ao naufrágio com uma menina. Uns 20min depois da descida, um rapaz sobe à superfície hiperventilando muito, mas avisando que estava tudo bem com ele. Assim que ele se aproximou do barco, perguntei se ele não queria que eu o ajudasse a subir. Para minha surpresa, o rapaz era o Moacir. Preocupei-me em tantar tirá-lo da água, mas era impossível fazer isso com tanto peso que ele carregava, teríamos que esperar um instrutor imergir. Sendo assim, alcancei uma corda do barco para ele segurar. Ele me contou que o seu colete teve um problema e começou a inflar sem motivo, arrastando-o rapidamente a superfície. Apesar do susto, ficamos felizes por ele ter reagido bem à situação (porque se ele tivesse se apavorado, poderia ter se sufocado pelo fechamento da glote devido à diferença de pressão do fundo e da superfície que causaria a expansão do ar dentro dos pulmões). Uns 5min depois da subida dele, um dos instrutores subiu para saber o que estava acontecendo e o ajudou a tirar o cilindro e subir no barco.
     Assim que a situação se acalmou, voltei a sentir o enjoo. Felizmente, 10min depois, todos voltaram do mergulho e o barco se dirigiu à praia. Chegando em terra firme, corri para o banheiro e vomitei. Menos de 2min depois já estava bem. Pedimos para o pessoal da agência ligar para o “micro bus” (em Punta de Choros é necessário ligar para reservar lugar nos ônibus de linha, pois eles não têm um ponto fixo e só passam conforme a demanda) que nos pegaria no camping e nos levaria para a pousada onde as nossas bikes ficaram. Depois de tudo acertado, voltamos para o camping para relaxar um pouco e desarmar o acampamento.
     Às 16h o “micro bus” nos pegou no camping e nos levou para a Ruta 5. No caminho, vimos belas paisagens com cactos enormes, grandes vales e animais silvestres. Assim que chegamos na pousada, fomos tomar banho, lavar nossas roupas (que estavam imundas da areia solta das ruas de chão batido de Punta de Choros) e deitamos para descansar. Agora, acabamos de acordar e vamos organizar tudo para a pedalada de amanhã.
Obs: Ficamos sabendo de Punta de Choros quando fui (Moacir) perguntar sobre os melhores lugares para mergulhar no Chile numa operadora de mergulho em Valparaíso. Eles disseram que Punta de Choros era imperdível! Desta maneira nos organizamos para conhecer e mergulhar por aqui. Mergulhamos num naufrágio (pelo menos serviu para saber que naufrágios não são do meu gosto) e não foi grande coisa. A água estava um pouco turva e a vida marinha não é tão diversificada. Não são muitas espécies de peixes (todos bem parecidos) e pouquíssima vegetação, sendo que o mais legal foram alguns tipos de estrela do mar bem diferentes e uma mãe d'água gigante. Já que aqui é o melhor lugar para mergulho, com certeza será o único que farei.
Gastos:
- Pousada: R$60,00 - Ônibus: R$16,00 - Almoço: R$25,20 - Mergulho: R$164,00 - Café da manhã: R$12,40

67° Dia – La Higuiera – Punta de Choros – 22/01/2011 – Sábado

     Hoje o dia foi totalmente atípico, repleto de novas experiência! Acordamos na humilde casa da Dona Luíza e nos preparamos para partir rumo a Punta de Choros (uma praia muito famosa pela presença de pinguins, lobos-marinhos, baleias e golfinhos). Muitas pessoas haviam nos avisado que a estrada até a cidade era de chão batido e bem ruim, mas resolvemos arriscar.
     Pedalamos 20Km de subidas e decidas até encontrarmos uma pousada bem na entrada da estrada para Los Choros. Ao perguntar para a atendente da pousada sobre o caminho para Punta de Choros, recebemos a triste notícia de que a estrada era de chão batido e cheio de pedregulhos soltos por 42Km. Ficamos desolados e pensando nas mais diversas possibilidades. Como já tivemos a experiência, na Serra do Úmbú, de pedalar com carga em terreno de chão batido (vejam o relato na nossa simulação II), desistimos de ir de bicicleta. Quando já estávamos pegando tudo para seguir adiante e esquecer a nossa vontade de conhecer a cidade, o Moacir tem a brilhante idéia de deixarmos as bikes na pousada e pedirmos carona até a praia. Um pouco apreensiva, aceitei a proposta e fomos convencer o pessoal do estabelecimento de fazer um descontinho, visto que só iríamos deixar as bikes hoje e só amanhã realmente dormiremos lá. Depois de tudo acertado, organizamos o que iríamos carregar até Punta de Choros e fomos para a estrada colocar os nossos dedinhos a trabalhar.
     Ficamos uns 10min pedindo carona até que um casal muito bacana parou para nos ajudar. Andamos de carro por uma hora, pensando que, realmente, seria inviável fazer o caminho com o nosso pneu slick e carregados. Depois dos 42Km de conversa agradável, chegamos à beira-mar. Agradecemos a carona e seguimos rumo ao local que seria nossa estadia.
     Instalamo-nos em um camping e saímos para procurar as empresas que operam mergulho nas ilhas (Gaivota, Choros e Damas) que cercam a praia. Depois de passar por duas empresas e ficar sabendo que deveríamos voltar mais tarde na que nos interessou para acertamos os detalhes do passeio, fomos almoçar. Pedimos dois menus de pescado. O prato principal era peixe frito com arroz (eu) e salada de maionese (Moacir). Fomos surpreendidos com uma entrada que era uma canja com uma batata inteira dentro e mais uma almôndega de peixe. O Moacir é que se deu bem e comeu a minha e a dele. Lembramos de pedir um Bilz para provarmos (refrigerante local). Assim que tomamos, entendemos os sucos do Chaves (cor de framboesa, aroma de água e sabor de vitamina C efervescente)! Para tirar o gosto da boca, pedimos dois sucos naturais (melão e morango) que estavam deliciosos! Para finalizar, uma copa de helado!
      Após comermos, fomos dar uma caminhada na praia. Subimos numas pedras que tinham uma vista maravilhosa da praia. Sentamos e ficamos admirando um pouco o mar, as gaivotas e as belas ilhas. Quando estávamos descendo, vimos um monte de conchas de ostra (milhares!) na beira da praia. Depois disso compreendemos porque a areia da praia é cheia de conchinhas quebradas.
      No caminho de volta, resolvemos perguntar para algumas pessoas sobre o micro-ônibus que faz o translado até a ruta. Achamos muito engraçado o fato de que eles só fazem a viagem quando as pessoas ligam para agendar horário, não há linhas fixas de transporte. Pegamos o número do “chofer” e fomos até a empresa de mergulho para pagar o passeio e fazer os últimos acertos.
     Chegamos no camping, tomamos banho (gelado, pois a rede de energia não suporta chuveiro elétrico em Punta de Choros) e começamos a escrever este relato. Pretendemos fazer a janta e ir dormir em seguida, pois hoje o dia foi cheio.
Gastos:
- Camping: R$16,00 - Almoço: R$34,00 - Sorvete: R$6,00
Estatísticas:
- Distância:17,11Km - Tempo: 1h22min34” - Média: 12,43Km/h
Condições da estrada:
- Medianas.

66° Dia – La Serena – La Higuera – 21/01/11 - Sexta-feira

     Acordamos tarde (lá pelas 10h), pois sabíamos que o percurso de hoje não era muito grande, uns 60Km, e queríamos aproveitar um pouco mais do conforto do hostel. Assim que levantamos, fomos tomar o nosso café da manhã com as sobras da janta de ontem e arrumar tudo para partir.
     Às 12h30min começamos nossas pedaladas. O início foi bem diferente do que estamos acostumados: 10Km de plano! Mas, de repente, começou um vento contra bem forte e, em seguida, voltou o clássico sobe e desce. Sofremos e suamos bastante até completar 45Km.
     Neste momento avistamos uma parede na nossa frente. Assim que nos aproximamos, vimos que não contornaríamos, mas sim, subiríamos! Não acreditávamos no que vinha pela frente. Decidimos colocar nas marchas mais leves e subir sem pressa, com toda calma do mundo. Conforme subíamos, nos aproximávamos das nuvens. Sem exagero! Ficávamos com frio nas curvas que ficavam nos cantos dos morros e suávamos nas retas. Foram 10Km de subida (marcado no odômetro) e, aproximadamente, 1h30min de muitas pedaladas.
     Assim que transpusemos o cume, ficamos uns 5Km sem pedalar, aproveitando a longa e pouco íngreme descida. Em seguida, chegamos à cidade de La Higuera.
     A cidade fica afastada uns 2km da Ruta 5. O acesso é asfaltado, porém lomba a cima! Chegando na cidade, perguntamos para vários moradores se havia alguma hosteria, hospedaje, camping ou qualquer lugar em que pudéssemos passar a noite. Para nosso desespero, todas as respostas foram negativas. Quando já pensávamos em pedir para acampar nos fundos da igreja, descobrimos que uma mulher “arrendava” camas.
     Chegando na tal casa, confirmamos que alugavam camas. Não tivemos dúvida, era ali mesmo que pernoitaríamos. Entramos no terreno pela entrada dos carros e nos deparamos com uma situação meio precária (era uma casinha de madeira cheia de pó e com sacos de cimento empilhados num canto e um pátio imundo com um pastor alemão meio doente). Instalamo-nos, comemos uns sanduíches e fomos tomar banho. O banheiro ficava numa casinha fora da casa, sendo uma construção com duas entradas: uma para o chuveiro e outra para a pia e vaso. Assim que liguei (Moacir) a água quente, toda a tubulação começou a tremer muito! Pensando que algo estava estragado, chamei o pessoal da casa e descobri que era assim mesmo. O banho, para nossa surpresa, era bom (água bem quentinha e com bastante pressão), mas o banheiro era desumano.
     De banho tomado, desistimos de cozinhar (a preguiça falou mais alto e fomos dormir). Após acordar várias vezes para matar os mosquitos, conseguimos ter uma boa noite de sono.
Gastos:
- Camas: R$32,00
Estatísticas:
- Distância: 61,78Km - Tempo: 5h01min02” - Média: 12,31Km/h
Condições da estrada:
- Ruins, grande parte com acostamento bem estreito e em más condições de conservação.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

65° Dia - La Serena - 20/01/11 - Quinta-feira

     Hoje, mais uma vez, acordamos próximo do meio-dia. Levantamos, tomamos nosso café/almoço e voltamos para o quarto. Ficamos um tempo viajando na internet atrás de imóveis para o nosso futuro hostel (sonhar um pouco não faz mal...hehehe...). Depois de sonharmos um pouco fomos dar uma descansada.
     Acordamos às 18h e começamos a nos preparar para cair na estrada novamente. A Cris foi lavar umas roupas enquanto eu fazia uma revisão nas bikes. Acabei antes do que ela, então fui tomar um banho para fazer a nossa janta (strogonoff, arroz, massa e brócolis com branco). Após comermos, fomos no super reabastecer o estoque.
     No supermercado, compramos (pela primeira vez) o tradicional "pan amassado". Aqui eles têm uma grande variedade de pães (uns 10 tipos) em todas as padarias. O pan amassado é o mais procurado. Ele é redondo, fino e com uma massa bem fofa. O pessoal fica esperando ansioso a saída da fornada e, assim que os pães são colocados na prateleira, as pessoas se degladiam com unhas e dentes para pegar. O pessoal pega os pães com as mãos e colocam dentro de um saco para depois pesar, diferentemente do que ocorre no Brasil, onde é o atendente que pega o pão e entrega a quantidade desejada para o cliente.
     Ao sair do mercado, aproximadamente às 22h50min, perguntamos para uma segurança se as saídas permaneciam abertas. Ao recebermos resposta afirmativa, fizemos nosso caminho normal. Ao chegarmos na nossa saída (depois de caminhar bastante e cheios de sacolas) nos deparamos com um portão "cerrado". O supermercado é todo gradeado, porém as grades são bem espassadas. Assim que percebemos este detalhe, a Cris falou: "Se a minha cabeça passar, to indo!" Assim que ela passou foi a minha vez. Depois de quase ficar entalado, passei (ufa!) com uns pequenos arranhões. Chegamos de volta ao hostel e já fizemos os sanduíches para o dia de amanhã. Agora estamos vendo o jogo do Brasil, mexendo no computador e nos preparando para ligar para a irmã da Cris (Jana) que estará de aniversário amanhã. Parabéns Jana!
Gastos:
- Hostal: R$80,00    - Super: R$44,00

64° Dia - La Serena - 19/01/11 - Quarta-feira

     Hoje o dia amanheceu nublado e frio, aproveitamos a manhã para dormir. Acordamos às 11h30min e fomos tomar um café da manhã caprichado. Em seguida, partimos caminhando rumo ao centro da cidade. Andamos umas cinco quadras e nos deparamos como o mapa da região (aqui o turismo é bem organizado), onde nos localizamos e procuramos por casas de câmbio.
     No trajeto até a casa de câmbio, passamos pela "Plaza de Armas", uma pequena praça típica de cidade do interior, pois estava rodeada pela catedral, pelo teatro e pela prefeitura da cidade. Obviamente, demos uma volta na praça! Entramos na catedral, numa construção estilo medieval que parecia uma igreja protestante, quase sem símbolos. Em seguida, passamos pelo tribunal de justiça, por uma feirinha artesanal e pelo chafariz da praça.
     Paramos no centro de informações turísticas para pegar alguns folhetos sobre os nossos próximos destinos. Logo após, nos dirigimos ao Teatro Centenário (principal teatro da cidade). Ao pararmos na frente do teatro, vimos a divulgação de um trio de percussionistas que iriam fazer um show a noite. A apresentação era gratuita e aconteceria em duas horas. Nesse meio tempo, aproveitamos para fazer o câmbio, conhecer o mercado público (La Recova) e parar em uma cafeteria para fazer um lanche. Antes de entrarmos no teatro, paramos em uma tendinha para comprar algum doce para acompanhar o show e acabamos descobrindo a maravilhosa bala "Frugelé".
     A apresentação foi muito legal (para quem quiser uma palhinha pode ver no nosso canal no youtube - http://www.youtube.com/watch?v=NMdyvVjyDmM). O nome do grupo é "Três" e é formado por dois rapazes argentinos e uma menina de La Serena mesmo. Eles tocaram várias músicas através de diferentes instrumentos de percussão, entre eles: copos, panelas, raladores, jarras, etc. Muito divertido!
     Ao sair da apresentação, fomos presenteados com uma maravilhosa lua cheia. A qual não pudemos ignorar e paramos para admirar e sacar umas fotinhos. Depois desse belo fechamento do dia, voltamos para o hostal. Eu cai podre na cama e o Moacir ficou na internet vendo os nossos próximos destinos. Amanhã teremos nosso último dia de folga em La Serena.
Gastos:
- Hostal: R$80,00   - Supermercado: R$33,00   - Lanche no mercado: R$6,00   - Pizza com cerveja na cafeteria: R$38,00   - Bals: R$1,00

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

63° Dia - La Serena - 18/01/11

     Hoje tivemos um dia de descanso, ficamos o dia inteiro no hostal fazendo atualizações nos blogs, organizando os equipamentos, fazendo contato com os próximos hostels e descansando. Depois da janta, aproveitamos para conversar com família e amigos no MSN e nos preparamos para dormir. Amanhã faremos um city tour pelo entro da cidade.
Gastos:
- Hostel: R$80,00

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vídeo da nossa passagem pela República Argentina

     Demorou um pouco, mas já está no Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=BSxmvEYg86g) o vídeo sobre a nossa passagem pela República Argentina. Lembrando também que os vídeos diárias estão atualizados conforme as postagens!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

62° Dia – Coquimbo – La Serena - 17/01/11 – Segunda-feira

     No dia em que completamos dois meses de viagem, resolvemos fazer tudo diferente do habitual e tivemos algumas surpresas. Acordamos às 9h e fomos conhecer a “Playa la Herradura”. Pegamos um táxi coletivo, pois é pessoal, aqui alguns táxis funcionam como linhas de ônibus e levam até 4 pessoas para pontos já definidos da cidade. Perguntamos ao “chofer” se ele nos levaria até a praia, ele nos respondeu que sim e nos deu a boa dica de ficarmos no centro da mesma, pois aí teríamos a opção de caminharmos para seus dois lados.
     Chegamos na praia às 10h45min e tudo estava fechado. O hábito aqui é o de curtir a praia só a tarde, pela manhã só vão à praia aqueles que pretendem praticar alguma atividade física (corrida, caminhada, remo). Os quiosques só começaram a abrir às 12h e só vendiam produtos industrializados, ou seja, a nossa esperança de comer um peixinho frito “mirando lo mar” se foi por água abaixo. Ficamos um pouco decepcionados com a praia que, apesar de bonita, é cheia de algas, com um mar muito gelado e um ventinho chato. Depois de duas horas lagarteando (e virando “croquetes”) na praia, voltamos para o centro da cidade.
     Tomamos outro táxi coletivo e este no deixou no “Bario Ingles” (bairro antigo, próximo ao porto e famoso por ter sido origem da cidade, além das suas lendas de corsários e piratas que atracavam ali, e ainda, por sua noite boemia). Passeamos por suas ruas e paramos num restaurante para almoçarmos, no menu: presunto recheado com abacate de entrada; purê, peixe frito e salada de prato principal; e sandia (melancia) de sobremesa. O Moacir saiu com fome do restaurante e eu sugeri a ele que parássemos em uma sorveteria para arrematar o almoço com um “heladito”!
     Chegamos no hostel às 16h e fui tomar banho e colocar a roupa de bike para irmos até La Serena, enquanto o Moacir ficou enviando e-mail e atualizando o nosso blog. Depois que ele se trocou também, montamos as bikes e saímos. Optamos por seguir pela ciclovia na beira-mar, mas ela estava com muitos pedestres e cheia de falhas. Portanto, muitas vezes fomos pela via de automóveis.
     Coquimbo e La Serena ficam em uma mesma orla. A praia não tem muitas belezas naturais e apresenta esgotos na beira do mar. O mar é forte como o de Viña del Mar, diferentemente da Playa la Herradura, que é bem calminho Esperávamos que em La Serena a beira da praia fosse mais bem cuidada, pois a cidade é mais famosa. Entretanto, a única diferença é a estrutura de restaurantes e a presença de um casino.
     Fomos até o fim da beira-mar e entramos na cidade para encontrar o hostel que havíamos contatado. Passamos por um centro bem movimentado, com shopping e muito comércio, por um centrinho histórico, pela catedral (muito bonita) e chegamos ao hostel. Infelizmente eles disseram que estava lotado e que o gerente estava em reunião. Desta maneira, saímos a procura de outro hostel. Paramos em um hostal bem legal perto de um grande centro comercial e decidimos parar pelo conforto (óbvio que não muito, até porque casei com o Moacir... Hehe).
     Instalamo-nos e fomos ao centro comercial comprar a nossa janta. Chegando lá, nos surpreendemos com o tamanho: umas seis megalojas com mercado, móveis, ferramentas, além de McDonald’s, farmácias, salões de beleza, etc. Começamos a fazer as nossas comprar, fui buscar sabonetes e o Moacir foi escolher a carne quando, de repente, inicia um tremor de terra. O mini terremoto demorou no máximo uns 5 segundos mas foi suficiente para nos apavorar e sacudir todos os cartazes de preços. O Moacir apareceu no corredor me chamando e eu corri na direção dele. Todos no mercado se entreolhavam a fim de entender o que estava acontecendo. Graças à Deus, foi só um susto, mas agora podemos ter ideia do pavor que é passar por uma situação dessas. O Moacir disse que, a partir de agora, só vai ao mercado de capacete!
     Voltamos para casa e ele foi fazer a janta enquanto eu conversava com a família pelo MSN (finalmente consegui ver todos pela webcam, obrigada tecnologia). Neste clima de alívio e felicidade, jantamos e, depois do jogo de futebol sub-20 (Brasil 4 X 2 Paraguai) transmitido pela televisão aberta deles, fomos dormir. Amanhã o dia será de descanso!
Gastos:
- Hostel: R$80,00 - Táxi coletivo: R$3,60 - Almoço: R$28,00 - Sorvete: R$6,00 - Supermercado: R$69,00
Estatísticas:
- Distância:17,11Km - Tempo: 1h22min34” - Média: 12,43Km/h
Condições da estrada:
- Ciclovia com muitos trechos com falhas.

61° Dia – Ruta 5 Km 372 (Socos) – Coquimbo – 16/01/11 – Domingo

     Ontem fomos dormir tarde, mas mesmo assim acordamos muito bem. Parecia que havíamos dormido em casa. Apesar de ser um minimercado que aluga quartos, o lugar era bem confortável e acolhedor. Levantamos às 9h e fomos tomar café no mercadinho. Comemos uns sandubas de manteiga com queijo de cabra (já fizemos para a pedalada de hoje também), umas bolachinhas salgadas, bananas e um leite achocolatado. Depois de comermos, começamos as nossas muitas pedaladas de hoje.
     Sabíamos que teríamos uns 95Km até Coquimbo, para, finalmente, chegarmos novamente à civilização litorânea. O dia já começou com um sol a pino e um intenso calor. Nos primeiros quilômetros já pegamos umas boas descidas e, logo após, uma subida absurda! Depois de chegarmos encharcados de suor no topo do cerro, começou a parte boa de hoje: o tão prometido plano! Como não podemos querer tudo, o plano veio acompanhado de um vento contra.
     Quando avistamos o mar novamente foi uma imensa alegria, pois sabíamos que estávamos perto de chegar e aproveitar uma praia. Os últimos 25Km foram apreciando a vista, apesar de muito suor devido ao vento contra.
     Chegando em Coquimbo, começamos a procurar o hostel que havíamos feito contato. Depois de muito procurar, acabamos encontrando. Assim que nos instalamos, já fizemos uma massa para matar a fome. Em seguida tomamos banho e demos uma deitada para relaxar um pouco.
     Depois de um tempo saímos para dar uma volta na cidade e irmos ao super. No supermercado compramos alguns mantimentos e aproveitamos para jantar, já que tinha um restaurantezinho. Voltando para o hostel pudemos perceber que a vida noturna no Bairro Inglês parece ser bem movimentada, pois existem inúmeros restaurantes e pubs. Chegando no hostel fomos recepcionados por um filhotão meio guaipa com que ficamos brincando um tempo. Em seguida fomos escrever o relato de hoje e nos preparamos para dormir.
Gastos:
- Hostel: R$56,00 - Café da manhã: R$ 10,80 - Bebidas: R$6,40 - Super: R$9,20 - Janta: R$14,90
Estatísticas:
- Distância: 97,32Km - Tempo: 5h39min43” - Média: 17,19Km/h
Condições da estrada:
- Excelentes, o tempo todo um acostamento largo e com ótimo asfalto.

60° Dia – Ruta 5, Km 301 - Socos (Ruta 5, Km 372) – 15/01/11

     A noite passada foi bem tumultuada. Além da preocupação conosco e com as bikes, existia um grande movimento de caminhoneiros no restaurante em que acampamos. Até umas 3h da madrugada não conseguimos dormir de forma constante. Com a chegada da manhã parece que veio uma tranquilidade e aproveitamos para descansar até às 9h. Levantamos, tomamos nosso café cheio de frutas (pois estavam estragando devido ao calor e à trepidação) e começamos nossas pedaladas.
      Hoje foi mais um dia em que saímos sem rumo. Um pouco antes de dormir estudamos o mapa e vimos que tínhamos duas possibilidades:
            1. Irmos até Ovalle e no dia seguinte até La Serena. O ponto negativo era que teríamos que andar 100km os dois dias e a vantagem era que com certeza teríamos onde passar a noite;
            2. Irmos o tempo todo pela Ruta 5 até acharmos algum lugar para pernoitarmos. A vantagem era que não precisaríamos sair do nosso caminho para Coquimbo / La Serena e os pontos negativos eram que talvez passássemos mais uma noite de forma precária e talvez a quilometragem ficasse mal dividida entre os dois dias.
     Saímos do restaurante às 11h20min sob um sol escaldante e um pouco de vento a favor. Desde o início da pedalada sofremos com os intermináveis cerros que subíamos e descíamos. Nestes últimos dias estamos vivenciando o que ficamos sabendo o relevo do Chile: 80% é montanha! Porém achamos que estamos sendo trapaceados, pois estão nos devendo os 20% de plano!
     Depois de muito pedalar, paramos no restaurante “Gato Negro” para almoçarmos. Já estava com o estômago colado nas costas (Moacir), mesmo comendo bolachinhas e mariolas enquanto pedalava. Pedimos dois pratos de carne com arroz, duas saladas e uma porção de batata frita. Comemos e ficamos um tempo de bobeira para conseguirmos fazer a digestão.
     Aproximadamente às 17h saímos do restaurante, mas não sem nos informarmos sobre onde dormir. Ficamos sabendo que teríamos que andar mais uns 14Km até chegarmos num vilarejo com uma “Estación de Servicio” onde existem hospedajes próximas.
      Subimos nas bikes e lá fomos nós. Mal conseguíamos pedalar de tão cheios. Para nossa sorte eram 14Km de descida quase o tempo todo. Chegando no posto de gasolina, nos informamos e, para nossa alegria, a hospedaje ficava a 200m.
     Chegando no minimercado, que também era hospedaje, pedimos por um quarto e já compramos uma água para amanhã. Instalamo-nos, tomamos banho e demos uma deitada para ver uma televisão enquanto alongávamos e descansávamos. Mais tarde fomos no posto comer um cachorro quente com café e voltamos para o quarto.
     Agora a Cris está lavando as roupas dela enquanto escrevo. Daqui a pouco vamos finalizar a arrumação da bagunça toda para ver se conseguimos sair amanhã cedo. Amanhã chegaremos em Coquimbo (assim esperamos) para curtirmos uns dias de praia em Coquimbo e La Serena.
     Obs.: Durante a nossa pedalada de hoje observamos um hábito um pouco diferente dos nossos. Eles vendem cabritos inteiros, somente sem a pele e órgãos, na beira da estrada. Os animais são cobertos por um pano branco (parecido com uma fronha) e quando um carro passa, eles abrem o tecido e expõe o bicho pendurado e todo aberto.
Gastos:
- Hospedaje: R$60,00 - Almoço: R$42,00 - Água: R$6,00 - Janta: R$8,60
Estatística:
- Distância: 71,64Km - Tempo: 3h59min13” - Média: 17,96Km/h
Condições da estrada:
- Excelente, acostamento largo e com asfalto em perfeitas condições.

59° Dia – Los Vilos – Ruta 5, Km 301 - 14/01/11 – Sexta-feira

     Hoje saímos sem saber onde iríamos parar. Sabíamos que encontraríamos alguns povoados pelo caminho, mas não sabíamos as condições dos mesmos. O jeito seria perguntar pelo caminho e pedalar muito.
     No início da viagem já nos deparamos com o sobe e desce tradicional, o qual não parou em nenhum momento! O sol apareceu às 13h e começou a prejudicar o nosso desempenho. Durante nosso trajeto passamos por um Parque Eólico com inúmeros cata-ventos gigantescos! Muito legais.
     Pedalamos 80Km e decidimos parar em um restaurante para beber algo gelado e perguntar sobre a distância dos próximos povoados. Recebemos a resposta de que o próximo povoado seria a 60Km de onde estávamos. Exaustos e decepcionados com a notícia, decidimos pedir para a dona do restaurante se poderíamos montar a nossa barraca no estacionamento para caminhoneiros que havia ao lado do mesmo. Assim que a ela nos liberou começamos a montar acampamento.
     Desmontamos as bikes, armamos a barraca, fizemos a janta e nos preparamos para dormir. Como não havia chuveiro no restaurante, tivemos que apelar para o famoso “banho de gato”. Apesar das críticas condições, conseguimos deitar cedo e, relativamente, limpos e bem alimentados. Pois amanhã teremos mais uns 80Km pela frente e também não saberemos onde dormir.
Gastos:
- Coca-cola: R$8,20 Batatas: R$0,26
Estatística:
- Distância: 80,04Km - Tempo: 4h24min44” - Média:18,14Km/h
Condições da estrada:
Excelentes, amplo acostamento com asfalto de ótima qualidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

58° Dia – Los Vilos – 13/01/11 – Quinta-feira

     Hoje iríamos começar nossa epopeia pelos caminhos duvidosos até La Serena, mas a Cris acordou com uma dorzinha no joelho. Sendo assim, decidimos ficar um dia em Los Vilos e aproveitar da wi fi liberada que tem na cidade..hehe..
     Levantamos depois do meio dia e ficamos de bobeira no quarto, dando uma arrumada nas coisas. Mais tarde dei uma saída para ver se conseguia conexão para responder um email do pessoal da Rádio Gaúcha que quer gravar uma participação num programa e atualizar o blog. Voltando ao residencial, chamei a Cris e fomos dar uma volta pela cidade.
     O mar estava muito mais violento hoje, desta maneira, ficamos somente admirando de longe. Vimos umas placas indicando local seguro e local de risco em caso de tsunami e a Cris não quis nem chegar perto dos locais de risco. Assim que a fome bateu fomos fazer uma boquinha numa lancheria. Comemos uma empanada frita (tipo um pastel com massa caseira), um completo (pão de cachorro quente, salsicha, um molho tipo vinagrete, tomate, abacate e maionese), um “ass” (igual ao completo, mas carne ao invés de salsicha) e um “churrasco solo” (pão de xis com dois bifes).
     Alimentados, voltamos para casa e começamos a arrumar as coisas para amanhã. Os próximos dias são uma incógnita, pois não sabemos quanto vamos pedalar nem onde vamos parar. Sendo assim, devemos estar bem descansados e com uma boa capacidade de autossuficiência.
Gastos:
- Residencial: R$52,00 - Almoço: R$18,80

57° Dia – Pichidangui – Los Vilos - 12/01/11 – Quarta-feira

     Hoje nos aproveitamos do trajeto ser curto e acordamos bem tarde (10h30min). Depois do café, arrumamos tudo e partimos rumo a Los Vilos para pegarmos uma praia à tarde.
      A saída da cidade foi meio chatinha, pois só há uma rua asfaltada e esta já está cheia de buracos. Entretanto, a beleza da orla compensou o suor a mais. Ao chegar à estrada nos deparamos com um largo acostamento, que, apesar de irregular, garantia boa segurança. Começamos o nosso sobe e desce previsto com um céu nublado e uma brisa geladinha nos refrescando. Depois de uma hora de pedal o sol veio nos prestigiar e o calor começou a pegar.
      Passamos por belas paisagens, praias paradisíacas. Se não soubéssemos que a água aqui é gelada e que sopra um ventinho de geladeira, até comprávamos o sonho de uma casinha no alto dos morros com vista para o mar. Na praia Bahia Azul, tivemos que parar uns minutos para admirar a paisagem: um mar muito azul, cercado por morros verdinhos, águas calmas e praias intocadas pelo homem (até porque as pedras não permitem a entrada do homem), lindíssima!
     Seguimos por esta estrada rica em encostas, sempre visualizando a cordilheira da costa na nossa direita e a imensidão do pacífico a nossa esquerda. No meio do caminho levamos um susto o olhar para o mar, pois parecia que havia duas pessoas se afogando. Paramos para ver melhor o que estava acontecendo e, depois de muito refletir e ficar em dúvida sobre o que acontecia, vimos o barquinho navegando tranquilamente com seus tripulantes a bordo.
     Pedalamos umas 2h15min por esse belo (mas cansativo) caminho e avistamos a entrada para Los Vilos. Ao entrarmos na cidade estranhamos um pouco o seu tamanho, pois para uma cidade de 15 mil habitantes esperávamos um pouco mais de estrutura. Dirigimo-nos até o centro, pesquisando estadias e optamos por ficar no residencial “Las Rejas”. Depois de nos instalarmos, demos uma volta até a praia, comemos o nosso almoço/janta num restaurante bem legal com vista panorâmica da orla, passamos no mercado e voltamos para o residencial para descansar.
      O Moacir cozinhou uns legumes enquanto eu fui deitar para tentar curar uma dor de cabeça que começou na saída do restaurante. Depois de cozinhar ele deitou ao meu lado e dormimos. Fomos acordar somente à uma da madrugada, fizemos um lanche e voltamos a dormir.
Gastos:
- Hosteria: R$52,00 - Fruteira: R$5,60 - Mercado: R$28,00 - Almoço: R$28,00
Estatísticas:
- Distância: 33,99Km - Tempo:2h30min51” - Média: 13,51Km/h
Condições da estrada:
- Razoáveis: largo acostamento, mas com muitos buracos e asfalto irregular.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

RESUMO DA NOSSA PASSAGEM PELA REPÚBLICA DA ARGENTINA

     Entramos na Argentina no 17° dia (03/12/10) de Buquebus pela cidade de Buenos Aires e saímos pela cidade de Las Cuevas em direção ao Chile no dia 27/12/10 (41°). Pedalamos 979,32Km em estradas argentinas.
     O tempo que passamos na terra dos Hermanos foi cheio de novidades. Conseguimos observar costumes, rotinas e hábitos bem diferentes do que estamos acostumados. Também existem coisas em comum, como a tradição e costumes gauchos.
     Durante o tempo que estivemos na Argentina pudemos notar a paixão do povo pela “media luna” (croissant). Eles comem todos os dias no café da manhã! Normalmente a media luna é de massa doce e são consumidas com doce de leite ou geleia. É difícil encontrar cacetinho (pão francês para o resto do Brasil) nas padarias, cafés e supermercados. O pão fatiado, pão americano para eles, é a forma de pão que mais assemelha aos nossos costumes, mas é bem caro.
     A variedade de frutas e verduras é extremamente pequena. Eles têm uma grande oferta de batata, pimentão, laranja, pêssego e cereja. A batata é um quesito a parte: são vendidas em todos os lugares sujas de terra, completamente marrom. Os demais hortifrutigranjeiros são bem caros. Não conseguimos encontrar mamão, por exemplo, em nenhuma cidade.
     Os supermercados destinam uma grande porção do seu espaço para os vinhos. Normalmente 10% dos corredores eram tomados por garrafas e garrafas de vinho. O preço do vinho é algo absurdamente barato ao compararmos com a realidade brasileira.
     Notamos algumas diferenças relacionadas ao trânsito. As sinaleiras (semáforos) emitem um sinal sonoro para que pedestres com deficiência visual consigam realizar a travessia. Além disso, a luz amarela é acesa do verde para o vermelho e do vermelho para o verde. Os veículos, porém, são similares aos brasileiros.
     A maioria das principais estradas na Argentina possuem excelentes condições, mas em contrapartida algumas nem acostamento possuem. É comum nos acostamentos daqui existir um conjunto de três sonorizadores a cada 300m (acreditamos que seja para que o pessoal não transite na banquinha). Passamos a entender um pouco mais os argentinos apressados que invadem nossas estradas durante o verão rumo ao litoral brasileiro. A velocidade máxima nas estradas principais deles é de 130Km/h, se tornando difícil se acostumar aos nossos 80Km/h permitido.
      O povo argentino é um pouco mais distante do que o uruguaio, porém recebemos muitas buzinadas de apoio nas estradas enquanto pedalávamos. Fomos bem recebidos na grande maioria dos lugares, mas não daquela forma acolhedora. Não sofremos em momento algum da famosa richa entre brasileiros e argentinos. Notamos, também, que o povo, principalmente nos grandes centros, não tem uma educação exemplar nas atividades do dia a dia, pois observamos inúmeras vezes pessoas jogando lixo nas ruas pela janela dos carros e ônibus.
     Os lares argentinos possuem certa peculiaridade nos banheiros. Em grande parte dos locais em que passamos não existia box, mas sim uma banheira com cortinas. Isso mesmo, cortinas! Por dentro, uma de plástico, e outra por fora, muitas vezes de tecido. Outra diferença em comparação com o Brasil é que a numeração dos imóveis não é realizada conforme a quilometragem da rua, mas sim por quadras. A primeira quadra possui numeração de 0 a 100, a segunda de 101 a 200 e assim por diante.
     As principais cidades em que passamos foram Buenos Aires e Mendoza. Em Buenos Aires observamos uma cidade extremamente grande, com inúmeras avenidas largas (5 pistas ou mais) e muitos parques e praças espalhados por diversos bairros. A cidade tem um pique alucinante, aparenta ser bem segura e mantém uma arquitetura diferenciada Existem feiras em diversos pontos na cidade, além de tantas outras opções culturais (não tivemos como passar em todos os pontos turísticos). As casas de show são muitas e, em sua grande maioria, imensas!
     Em Mendoza notamos um aproveitamento do conhecimento antigo com a junção das novas tecnologias. Tanto na parte urbana, como na parte rural da cidade existe um sistema de canais para aproveitamento da água da chuva e do degelo dos Andes na irrigação de árvores e plantações. Achamos interessante, também, a existência de ônibus elétrico no centro da cidade. A vida noturna da cidade é bem intensa e se concentra na Av Villanueva, onde encontramos quase uma centena de opções para aproveitar a noite. Os principais pontos turísticos da região são o Parque San Martin (imperdível!) e a imensa opção de vinícolas, além de ser ponto de partida de inúmeros passeios aos Andes. O ar de Mendoza até Las Cuevas (divisa com o Chile) é extremamente seco, sendo que por inúmeras vezes nos encontrávamos com sangue nas vias respiratórias.
      O custo de vida (pelo que vivenciamos) na Argentina se assemelha ao gaúcho. A comida é um pouco mais cara, mas em compensação o transporte coletivo, por exemplo, é mais barato.
     Deixamos para o final o resumo da Cordilheira dos Andes por acreditarmos que deveria ser um capítulo a parte. Com certeza será um lugar marcante para toda a nossa vida. A cordilheira é extremamente bela e reserva surpresas a cada curva. O lago de Potrerillos é um local mágico, com um visual completamente indescritível. Durante toda nossa passagem pelas montanhas sentimos uma energia diferente, uma vibração muito boa! Impossível ficar triste diante de uma beleza natural como esta. Recomendamos para TODOS uma passada na Cordilheira dos Andes! Somente lembrando que passamos lá durante o mês de dezembro, ou seja, calor, tempo bem seco e neve somente nos cumes.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

56° Dia – Papudo – Pichidangui – 11/01/11 – Terça-feira

      Hoje acordamos às 9h30min, tomamos nosso café, voltamos ao quarto para arrumarmos nossas coisas e iniciamos as pedaladas do dia. No início do trajeto atravessamos a cordilheira da costa (ao menos acreditamos que seja) em direção ao interior para que chegássemos até a Ruta n°5 que nos levaria para o norte. As subidas e descidas eram intermináveis, foram uns 15Km bem suados. O clima ameno e a vista, parecida com a do cerrado, nos ajudou neste ponto.
     Ao chegar na Ruta n°5, encontramos uma estrada bem maior do que a que estávamos. Depois fomos ver que a ruta é uma autopista. O acostamento largo e com um asfalto mediano nos auxiliou bastante. O vento contra fazia com que tivéssemos que nos esforçar um pouco além do normal, mas nada parecido com os vendavais que já pegamos nesta expedição.
     Passamos por diversos povoados, mas alguns nos marcaram e até fizeram com que lembrássemos de amigos nossos. Ao passarmos pelo vilarejo de “Pullaly” ficamos um tempo pensando pra onde ir, pois a placa indicava “Los Vilos” (nosso planejamento inicial) para uma direção e “Pullaly” para outra. Pensamos muito, mas muito mesmo, pois se os nossos amigos Paes e Piu-Piu estivessem nos acompanhando com certeza diriam: - É “Pullaly”! (É por ali!). Passamos também em “Longotoma”, além de termos saído de Papudo. Brincadeiras a parte, hoje passamos por várias enseadas muito belas. Cada qual dava mais vontade de parar e entrar de bike e tudo mar a dentro.
     Chegando em Pichidangui começamos aquela nossa romaria atrás de onde ficarmos. Passamos em hotéis, cabanas, camping (absurdamente caros) e acabamos ficando numa hosteria bem pertinho do centrinho e da praia. Instalamo-nos e já fomos dar uma passeada pela orla. A beira da praia confirmou a nossa impressão inicial: MUITO LINDA! Depois fomos ver uma feirinha, sentamos um pouco para admirar a vista e em seguida fomos na fruteira e num mercadinho para comprarmos alguns mantimentos.
     Agora estamos no quarto e, enquanto escrevo, a Cris foi tomar banho. Assim que ela voltar, irei para o banho e ela assumirá a caneta. Depois vamos dar uma volta e pretendemos voltar e dormir cedo para conseguirmos aproveitar mais o dia de amanhã em “Los Vilos” já que é pertinho (uns 30Km).
Gastos:
- Hosteria: R$48,00 - Fruteira: R$3,00 - Mercado: R$11,90 - Empanadas: R$ 5,60 - Pães: R$2,85
Estatísticas:
- Distância: 63,08Km - Tempo:4h15min00‘ - Média: 14,84Km/h
Condições da estrada:
- Boas, com um acostamento largo e em sua grande maioria com um asfalto bem liso.

55° Dia – Papudo – 10/01/2011 – Segunda-feira

      O dia hoje começou nublado, como de costume. Começamos a perceber que no litoral chileno as manhãs são nubladas e as tardes ensolaradas. Acreditamos que isso se deva à proximidade que as praias têm das cordilheiras da costa. Como sabíamos que a tarde seria de praia, aproveitamos a manhã para descansar, lavar nossas roupas e organizar alguns equipamentos.
     Em torno das 15h nos arrumamos e fomos à praia. O sol estava quente, mas sempre havia um vento geladinho soprando. Ficamos lagarteando por umas 2h e saímos para dar uma caminhada até a enseada ao lado da que estávamos. Foi então que o Moacir avistou uma plataforma flutuante dentro do mar e resolveu nadar até ela. Eu fiquei na areia com a máquina fotográfica em mãos para fotografar a sua conquista!
     Ele entrou na água, chegou até a plataforma e, em 15 minutos, estava de volta, gelado. A distância percorrida não foi muito grande (mais ou menos 400m), mas a temperatura da água (12°C) fez com que ele tivesse tonturas por ficar tanto tempo submerso. Pudemos constatar que o mar do Pacífico é bom para dar um mergulho, mas dar uma nadada já é exagero.
     Assim que ele secou um pouco no sol, voltamos para a hosteria para tomar banho e preparar o jantar. Enquanto o Moacir cozinhava o arroz e as batatas, eu saí para comprar a carne. Entrei em um barzinho que vendia frango assado e pedi ¼ de frango com batatas fritas e refri, recebi uma coca-cola mini, com uns 15 palitinhos de batata frita e uma sobrecoxa de frango. Indignada, passei em outro barzinho e pedi um peito de frango: veio um peito de frango inteiro dentro de um pão de xis. Apavorada com o exagero de comida que havia comprado, voltei para a hosteria. Comemos metade da comida e o Moacir guardou o resto para a ceia.
     Dirigimo-nos para o centro da cidade, pois havíamos visto o anúncio de uma apresentação da banda dos carabineiros. Chegando na beira da praia, escutamos o som da banda e nos dirigimos até o palquinho onde umas 60 pessoas estavam reunidas. O show da banda estava muito divertido e a vista do mar ao anoitecer, incrível.
     Saindo do show, fomos até uma lan house manter contato com a família, atualizar o blog e procurar estadias nos nossos próximos destinos. Em seguida, voltamos para a hosteria, começamos a escrever o relato de hoje e, agora, estamos nos preparando para dormir, pois amanhã teremos alguns quilômetros de subida e descida pela frente.
Gastos:
- Hostel: R$64,00 - Janta: R$ 16,40 - Picolé: R$1,25 - Coca-cola: R$1,25

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

54° Dia – Viña del Mar – Papudo – 09/01/11 – Domingo

      A noite foi complicada. O hostel também é um bar e ontem bombou! Ficou até umas 3h com o DJ animando o pessoal e dificultando o nosso sono.
      Acordamos às 9h e ainda cansados. Levantamos, tomamos café e arrumamos tudo para partir. Aproximadamente ao meio-dia estávamos subindo nas bikes para mais um dia na estrada.
      Escolhemos o caminho de hoje para ir passando por todo litoral. No início da pedalada, passamos pelas praias de Cochoa e Concon, ambas muito bonitas. Um pouco mais adiante pegamos uma parte da estrada que se afastava da orla e intensificava o sobe e desce. Paramos num posto para comprar gasolina para o fogareiro e a Cris aproveitou para pegar um picolé, pois estava abrindo o tempo e o calor estava pegando.
     Um bom tempo depois, conseguimos avistar o mar novamente. Esta primeira praia era paradisíaca, muito legal. Porém tínhamos que continuar no nosso caminho até Papudo. Sendo assim, passamos ainda por Maintecillo (muito bonita e com ótima infra – show de bola!), La Laguna e Zapallar. Em certos momentos chegamos a parar para ficar admirando tanta beleza natural.
     Chegando em Papudo começamos a procurar algum teto para passarmos a noite. Ficamos numa hosteria onde fomos recepcionados por uma senhora um pouco excêntrica. Ela não nos disse quanto custava a noite, mas sim quanto queríamos pagar. Demos o valor de 15.000 pesos e ela disse que isso não era nada para eles, era muito pouco. Para nossa surpresa, em seguida ela deu o preço de 16.000 pesos, era pegar ou largar...hehe... Instalamo-nos e fomos dar uma volta pelo centrinho. A cidade é bem tranquila e bem organizada. Na volta para hosteria, paramos para jantar num restaurante.
     A Cris pediu uma merluza à milanesa com purê e uma salada e eu pedi uma “pietra” de cerdo com purê. Mal sabia que “pietra” é tripa recheada com sangue e miúdos. Parecia um prato que vimos no “Amazing Race – América Latina” um tempo atrás, onde o pessoal ficava vomitando. A “pietra” não era ruim (mas também não era boa), mas era um pouco nojenta por seu recheio ser mais líquido do que sólido (um pouco mais líquido que um patê) e conter um certo “guisado”.
     Depois de comermos, fomos dormir para acordarmos bem amanhã e conseguirmos aproveitar o dia.
Gastos:
- Hosteria: R$64,00 - Janta: R$44,80 - Gasolina: R$1,20 - Picolé: R$4,00
Estatística:
- Distância: 82,26Km - Tempo: 5h49min57’ - Média: 14,1Km/h
Condições da estrada:
- Boas.